14-01-2009 - Programa Saúde da Família, por Gustavo Gusso e Enaiani Silveira *

No dia 10 de janeiro, o DC publicou um artigo do presidente da Sociedade Brasileira de Clinica Médica, Antonio Carlos Lopes (conhecido no meio médico como ACL). Alguns equívocos precisam ser esclarecidos.
O Programa Saúde da Família (PSF) deixou de ser um programa, embora tenha mantido este consagrado rótulo, em 1998, quando Adib Jatene elevou-o à condição de estratégia de Estado. Tem sido elogiado mundialmente e é, segundo a Organização Mundial da Saúde, um exemplo a ser seguido. Diversos estudos demonstram que o PSF tem contribuído para a diminuição da mortalidade infantil e para o controle de epidemias como a dengue.
Ao contrário do que afirma ACL, não são 40 mil mas sim 29.300 equipes cobrindo 49,51% da população. Além disso, o PSF não está na mão dos “não médicos”, como diz aquele texto, mas sim de equipes compostas por médico de família e comunidade, enfermeiro, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Este modelo é utilizado com sucesso em países como Portugal, Espanha, Inglaterra e Canadá.
Santa Catarina é o Estado do Sul com melhor cobertura (67,44%). Florianópolis foi selecionada recentemente pela Fiocruz como uma das quatro melhores capitais e é a única que tem exigido o título de medicina de família e comunidade aos médicos que se candidatam a trabalhar no PSF.
Quem está no dia-a-dia dos postos de saúde sabe das qualidades e desafios da estratégia. A deficiência não é o atendimento precário, mas sim a grande demanda da população por serviços de qualidade, como o oferecido pela maioria das equipes do PSF. Ao invés de críticas pouco fundamentadas, algumas lideranças médicas deveriam conhecer antes a realidade das unidades de saúde e da própria população.

* Médico de Família do PSF e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família; médica de Família do PSF/ Lages e presidente da Associação Catarinense de Medicina de Família

Fonte:
DC - 14/01/2009


  •