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Impasse da emergência sem solução

O corpo clínico do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres vai publicar hoje uma nota oficial de recusa do convênio de R$ 600 mil para voltar a atender o sobreaviso na emergência. A direção do hospital, também, não concorda com a forma como foi proposta a ajuda financeira.
A situação pode voltar à estaca zero, a partir de hoje. Em audiência na Vara da Fazenda Pública, foi esmiuçada a composição dos R$ 600 mil que o estado conveniará com o hospital, para que reative o sobreaviso médico na emergência. De acordo com o diretor administrativo do hospital, Canísio Winkelmann, o valor está mascarado.
Ele explica que os R$ 600 mil são para cinco meses e tem de ser descontado o valor que a Secretaria da Saúde de Lages já repassa mensalmente ao hospital. "São 36.161,76 para UTI, mais R$ 23 mil para anestesiologia, outros R$ 2.350,00 para laboratório e efetivamente R$ 15 mil para emergência. Esses valores fazem parte de um contrato desde 2007 e não poderiam estar embutidos no que dizem que irão repassar", cobrou o diretor administrativo.
Ao todo são R$ 76,5 mil a menos por mês, do valor proposto pelo estado. Com isso o valor real, segundo Canísio Winkelmann, fica em R$ 43,4 mil. "O que estão propondo é repassar R$ 217 mil, porque se aplicar a dedução do que é repassado mensalmente o valor fica mascarado", assegura o diretor do hospital. Ontem, ele enviou ofício ao secretário da Saúde de Lages, Juliano Polese e ao presidente da Amures, Janerson Delfes Furtado questionando o convênio.
"Esse é um dinheiro para o sobreaviso médico na emergência. Quem vai responder se haverá sobreaviso é a categoria médica e não o hospital", afirma Canísio Winkelmann, acrescentando que foi feito o detalhamento da proposta de convênio e enviado ao diretor do corpo clínico do Hospital, Paulo César Duarte Júnior.
No início da noite de ontem, o diretor clínico informou que hoje será emitida uma nota oficial. E adiantou que a proposta do estado não atende à necessidade para a reativação do sobreaviso na emergência. O comunicado do corpo clínico deve citar, também, que a proposta apresentada na segunda-feira não melhora em nada a qualidade do serviço. Isso deve levar médicos, direção do hospital e o Estado a novos embates judiciais, pois na audiência na Vara da Fazenda ficou acertado que a emergência do hospital não fechará.
"Assumimos um compromisso com o Juizado da Fazenda Pública de que a emergência continua de portas abertas. Pelo menos até termos uma definição do corpo clínico, se volta ou não ao sobreaviso. Aos médicos não ficou nenhuma determinação de prestar o serviço e o hospital continua sem escala de sobreaviso", reiterou o diretor do Nossa Senhora dos Prazeres. E avisa que, se chegar um paciente politraumatizado não saberá nem o que dizer aos familiares da vítima ou à sociedade.
Na prática, a crise da emergência do Nossa Senhora dos Prazeres continua sem solução. E dificilmente escapará de uma decisão judicial, pois o estado apresentou o convênio de R$ 600 mil baseado em estudos de outras emergências hospitalares de Santa Catarina que atravessam crise semelhante.

Fonte: Correio Lageano - 24-03-2010


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