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Entrevista do governador gera descontentamento na classe médica catarinense

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Imprensa repercute falta de recursos humanos para a saúde, clique AQUI.
Sindicato afirma que solicitará audiência ao governador e que está com a agenda aberta para realizar visita conjunta ao hospital infantil Joana de Gusmão
Repercutiu de maneira negativa entre os médicos catarinenses a entrevista concedida pelo governador Raimundo Colombo ao grupo RIC/Record esta semana. Entre as declarações, o chefe do executivo estadual afirma que não irá suprir a carência de médicos na rede pública de saúde por meio de concurso público.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC), Cyro Soncini lamentou as declarações do governador e informou que irá solicitar audiência com Colombo para apresentar a ele os dados sobre os problemas causados pela falta de médicos na rede pública estadual.
“Essa entrevista do governador comprova que ele está mal assessorado e mal informado. Há menos de um mês o Sindicato dos Médicos divulgou em nível estadual um apelo ao governador em que cobra a contratação de recursos humanos para a saúde. Na semana passada realizamos em conjunto com outras entidades o abraço à saúde no hospital infantil Joana de Gusmão em que também alertamos sobre a falta de profissionais na saúde. Não é possível que o governador não tenha tido acesso às informações que foram veiculadas em todos os jornais, TVs, rádios e sites não só da Grande Florianópolis como em todo o Estado”, diz Cyro.
Sobre as declarações do governador, Cyro afirma que considera positiva a busca do governador por uma audiência com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para discutir sobre os repasses do SUS. “Há muito tempo dizemos que o governo e as prefeituras investem até mais do que podem na saúde e que o governo federal não cumpre com sua parte. É bom que o governador pelo menos nesse ponto, esteja indo atrás de recursos para resolver essa situação de uma vez por todas”, diz.
Quanto à afirmação do governador Colombo de haver médicos suficientes na rede pública estadual, Cyro é enfático. “Convido o governador a passar algumas horas conosco na emergência do hospital infantil Joana de Gusmão. Chegar de surpresa para evitar maquiagens. Tenho certeza que ele ficará assustado com o empenho dos servidores daquele setor, que é um reflexo do empenho dos servidores da saúde de Santa Catarina. Porém empenho não quer dizer condições dignas de trabalho. Como pode uma família esperar três, quatro horas para o atendimento de seu filho? Como podem médicos, auxiliares de enfermagem, enfermeiros se desdobrarem para dar conta do trabalho? Não, governador, a situação não é essa que contaram para o senhor!”.
Ainda sobre os médicos, Cyro rebate a afirmação de que a maioria não cumpre o expediente. Desde 2004 o registro da frequência dos servidores públicos é realizado por meio eletrônico ou digital, com controle direto por parte do gestor. O Sindicato e os médicos nunca se posicionaram contrários ao cumprimento de horário estabelecido de trabalho. Cobramos sim, a remuneração adequada e boas condições de trabalho”, acrescenta o presidente do SIMESC.
Organizações sociais
A respeito da não contratação dos médicos recém aprovados em concurso público, Cyro Soncini conta que ficou surpreso com a declaração de que estes não serão chamados. “E os médicos que fizeram a prova, que pagaram inscrição? Vai ficar por isso mesmo? E as filas nos setores de ambulatório e emergências não vão diminuir?”, indaga.
Sobre as organizações sociais, caminho que o governo deve adotar para tentar resolver os problemas da saúde em Santa Catarina, Cyro diz que o Sindicato é contrário. “O ideal é a gestão pública com concurso público. Este não é o caminho. Um exemplo é que as organizações sociais contratam a cozinheira, o auxiliar de enfermagem, o motorista da ambulância, mas em sua ampla maioria, não assinam carteira de médico. E nós do Sindicato não iremos aceitar a precarização dos contratos de trabalho. Médico é um trabalhador e como prevê a lei, assim deve ser tratado”, conclui.


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