A direção do hospital Santa Inês (HSI) exige que a comissão de gestão criada para administrar o hospital preste contas desde 2005, antes que a nova comissão assuma. A cobrança é devido o rombo de mais de R$ 6 milhões em dívidas. Para completar, o hospital afirma que não rompeu o contrato de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado com a prefeitura, apenas nomeou um administrador interino por conta do abandono do presidente da comissão de gestão. Enquanto isso, um HD com as informações financeiras dos últimos 40 dias foi roubado e o computador da contabilidade está infectado com vírus. Uma reunião acontece hoje no gabinete do prefeito para resolver o caso.
Uma declaração do ex-presidente da comissão de gestão, Ademar "Bola" Pereira, prefeito em exercício de Balneário, em um jornal local teria sido o estopim do problema. "Ele afirmou que estaria abandonando o hospital", explica Fernando Brito, procurador do Santa Inês e administrador interino do hospital. O fato levou a direção a cancelar todas as procurações de outros membros da comissão de gestão.
Segundo informações do Brito, não existe interesse do hospital em quebrar o TAC. O que a direção quer é uma prestação de contas por parte da comissão, detalhando todos os gastos desde 2005. "Quando a comissão assumiu, as contas do hospital estavam zeradas. Agora o hospital tem uma dívida de mais de R$ 6 milhões", argumenta Brito.
O rombo, segundo Brito, vem de dívidas de impostos, luz, água, telefone e com fornecedores, o que estaria gerando dificuldades na compra de medicamentos. "Só temos crédito com um fornecedor", reclama o procurador do HSI, reforçando a necessidade da prestação de contas. "Até em condomínio, antes de eleger um novo síndico, é preciso aprovar as contas".
Pingue-pongue
Prefeitura diz que hospital é que não presta contas
Enquanto a direção do hospital pede prestação de contas por parte da comissão de gestão, na segunda-feira, foi a vez do prefeito em exercício e ex-presidente da comissão pedir prestação de contas ao hospital. Uma carta foi enviada ao representante do Santa Inês na comissão, Annibal Gaya Neto, pedindo o balanço trimestral desde 2005, dívidas com fornecedores e impostos do mesmo período.
Na tarde de ontem, Gaya Neto devolveu a carta a Bola dizendo que não tem conhecimento sobre as finanças do hospital, muito menos da contabilidade. Que desconhece qualquer relatório trimestral. Na carta, Gaya Neto ainda sugere que o prefeito peça a documentação ao então presidente da comissão durante o período. Ou seja, o próprio Bola.
A declaração do hospital deixou o prefeito, em exercício de Balneário, de queixo caído. "Nós temos provas concretas que o Neto (Gaya) acompanha de perto a contabilidade do hospital. É ele quem presta contas ao governo do estado, faz pagamentos na tesouraria e abre contas do hospital ou pega cartões nos bancos", garante Bola.
Segundo o prefeito, o choro do hospital é outro. "O que eles querem é que a prefeitura assuma a folha de pagamento, que é de R$ 250 mil por mês". Na tarde de hoje, uma reunião com a comissão de gestão vai decidir o futuro do Santa Inês.
Dinheiro Municipal
Na matéria publicada na edição de final de semana do DIARINHO o procurador geral de balneário, Juliano Cavancanti, explicou que o município repassa R$ 128 mil por mês ao hospital. Fernando Brito confirmou o repasse da grana, mas disse também que R$ 120 mil é só pra pagar os salários dos médicos que fazem o serviço público. "Sobram R$ 8 mil pra investimentos no hospital", lamenta Brito, achando pouco o auxílio do governo.
Fonte: Diarinho - Diário do Litoral - 20-02-2008