Um trote que poderia ter custado uma vida

Um falso chamado que poderia ter custado uma vida e causou quase nove horas horas de trabalho desnecessário de 30 homens. O coordenador do Serviço de Atendimento de Urgência (Samu) de Joinville, Gilberto Ziemann, contou ontem que um só telefonema mobilizou quatro unidades socorristas e policiais da cidade, de Corupá, além da própria Polícia Rodoviária Federal (PRF) numa busca por um veículo acidentado até as 4 horas de ontem nos limites entre os dois municípios.

Crime
Suspeito foi levado para delegacia, prestou depoimento e pode ser processado pela administração do Samu.
Por causa do trote, os socorristas deixaram de atender a dois casos de derrame cerebral, um caso de ferimento a facão e um ataque cardíaco. Tudo começou por volta das 22 horas de domingo, quando a central do Samu recebeu uma ligação. Um homem dizia ter se acidentado às margens da BR-280. “Ele gritava desesperadamente e dizia que a esposa estava desmaiada enquanto ele e o filho permaneciam presos nas ferragens. Dava até para ouvir os gritos de uma criança ao fundo”, lamentou Ziemann.
Uma verdadeira força-tarefa se dirigiu para o local e iniciou as buscas. “Trata-se de uma área com muitas grotas e de difícil acesso. A primeira impressão era de que o carro com as vítimas poderia estar ali, oculto de alguma maneira.”
Pouco depois das 4 horas, a unidade do Samu voltou à base em Joinville, enquanto as demais permaneceram no local dando continuidade às buscas. Perto das 6h30, Gilberto Ziemann fez uma filtragem das ligações por meio de um identificador instalado na central do atendimento. “Foi quando descobrimos um número de celular de Adelino (sobrenome não foi divulgado, só que era maior de idade) e fomos até o endereço em Jaraguá do Sul, em companhia da Polícia Militar.
"Assustado com a visita, o suspeito foi detido e encaminhado à delegacia, onde confirmou ser o dono do celular. “Ele disse, porém, que o aparelho havia sido emprestado para um amigo chamado Maicon. Engraçado que ele não soube dizer onde o tal Maicon morava ou trabalhava”, afirmou Ziemann. O acusado foi liberado após depoimento, mas será processado pela administração do Samu, com base no artigo 340 do Código Penal, que prevê de um a seis meses de prisão, além de multa no caso de “comunicação falsa de crime ou contravenção que provoque a ação de autoridade.”

Fonte: Jornal AN - 29-01-2008


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