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Médicos aguardam proposta para retornar atendimento da Emergência

Passados 10 dias desde que os médicos especialistas suspenderam o trabalho no setor de emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, o corpo clínico da instituição reuniu ontem a imprensa para denunciar que até agora não recebeu qualquer proposta para sanar o problema e assim poder voltar a trabalhar.
Eles aproveitaram a oportunidade para alertar que a atual situação do setor de emergência não oferece segurança aos pacientes. Para o presidente regional do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina, Fernando Pagliosa, mesmo quando os médicos faziam o atendimento, este não era adequado e os pacientes corriam risco adicional, devido às condições da estrutura e falta de pessoal. Hoje o hospital conta com um médico plantonista, nos internamentos, um na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e um na Emergência, sendo que casos graves que necessitam de um especialista estão sendo transferidos para outras unidades de saúde que realizem o atendimento.
A primeira reivindicação dos profissionais é a remuneração integral sobre o serviço de sobreaviso, pois hoje eles recebem somente no caso de serem chamados para realizar procedimento, ficando à disposição do hospital. Para isso, estimam o valor de R$ 180 mil, mensais, para o pagamento dos cerca de 60 especialistas.
A segunda pauta exige que o hospital cumpra as exigências do Ministério da Saúde. Pagliosa reitera que como o Nossa Senhora dos Prazeres é classificado no Tipo II, que atende casos de alta complexidade, deveria ter profissionais em plantões presenciais, nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia e Traumatologia, Anestesia e Tratamento Intensivo.
O diretor clínico do Nossa Senhora dos Prazeres, Paulo César da Costa Duarte reitera ainda que as equipes que atendem no local não são as ideais e precisam de aperfeiçoamento, mas já têm o hábito de atender com agilidade nos casos urgentes, e o treinamento do novo pessoal, caso aconteça uma mudança de local, não se daria em um prazo curto. Além disso, existe a falta de pessoal e de segurança aos profissionais, que atendem sobretudo à noite. "Não queremos nada mais do que o que é nosso por direito", observa.
Sobre o possível fechamento da Emergência, o médico é taxativo: "a população não pode ficar sem o atendimento, o Ministério Público não vai permitir que isso aconteça". "O fechamento da Emergência seria uma perda terrível", opina Pagliosa frisando que a população deve exigir seu direito à saúde.
"A população não pode ser mal atendida porque o município e governo do Estado não investem na saúde", criticou o presidente do sindicato. Ele reiterou que a Serra Catarinense precisa de mais investimentos públicos nesta área. "Nossa realidade aqui é outra, diferente das grandes cidades do Estado, a população é na maioria pobre, sem condições de pagar convênios, são usuários do sistema público, que tem que dar assistência a ela", observa.
Ele explica ainda que a suspensão do atendimento aconteceu quando não restava a eles outra alternativa, sendo que isso foi ocasionado por uma série de detalhes que resultaram no atendimento precário, oferecido aos pacientes. "Não aceitamos mais esta situação, hoje isso ficou insustentável. Sem condições adequadas a qualidade do profissional cai, além disso ninguém é obrigado a trabalhar de graça", comenta.
Apesar da paralisação os médicos esclarecem que quando acontecem acidentes graves, com várias vítimas que demandam uma quantidade maior de profissionais na emergência, nenhum médico se nega a atender, como ocorreu na semana passada, quando houve a queda de um elevador, em um prédio em construção, ferindo dez operários.
"Eles foram levados à Emergência e todos os médicos solicitados, imediatamente, foram prestar socorro às vítimas, mas se o setor não estivesse funcionando estes casos teriam de ser encaminhados à unidade que atendesse traumas mais próxima, já que o município não tem outro local apto a atender casos de trauma", salienta Pagliosa. Enfatizando que os médicos estão abertos à negociação e aguardando uma proposta.
A diretoria do hospital já declarou que não tem como pagar os médicos e se o poder público não intervir, vai fechar a Emergência até dia 20 deste mês. Por conta disso, mais uma vez, o médicos acionaram a imprensa na tentativa de pressionar o poder público a resolver o problema, além de esclarecer à população sobre o caso. Já as Secretarias de Saúde do Estado e do Município dizem que estão analisando a situação para encontrar uma saída.

Fonte: Correio Lageano - 11-03-2010


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