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SIMESC abre discussão sobre Ebserh no HU

A diretoria executiva do SIMESC convidou representantes do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, integrantes do colegiado do curso de Medina da UFSC e do centro acadêmico para discutirem a situação daquela unidade de saúde. Com pelo menos 100 leitos fechados há mais de dois anos e especialidades sendo desativadas por falta de estrutura para mantê-las funcionando e disponibilizando ensino para os alunos, o Sindicato ouviu as proposições para tentar compreender o motivo da letargia por parte da Reitoria da universidade em tomar uma medida para sanar os problemas e garantir não só o atendimento ao cidadão mas também o ensino de qualidade em saúde que sempre colocou a UFSC em destaque em relação a outras universidades públicas brasileiras.
De acordo com o diretor do HU, Carlos Alberto Justo da Silva, a sucessão de equívocos cometidos desde a década de 70, quando do projeto de implantação da unidade de saúde, somados à falta de financiamento no setor e os entraves burocráticos que impedem a contratação de pessoal, geraram essa situação grave que hoje pega em cheio o ensino de medicina da UFSC e o atendimento à população. Uma grande discussão entre Reitoria, Conselho Universitário e Sindicato dos Servidores impede que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) assuma o hospital e tem contribuído para piorar o quadro.
“O contrato para a Ebserh gerir a questão de recursos humanos garante o contrato de ensino, pesquisa e extensão e tem uma série de normas que obriga a Ebserh a financiar o ensino. Desse ponto de vista não dá para reclamar. Se a Ebserh tiver dinheiro para pagar os estatuários, não precisará de decreto para fazer concurso. Se tiver dinheiro, ela mesma contrata. E então começa um embate grande porque vai impactar em pelo menos 35% a arrecadação do sindicato dos servidores da UFSC, já que os novos contratados irão para um novo sindicato. Sem contar na redução da capacidade representativa de usar o hospital como mecanismo de fundamentação de luta. É compreensível que o sindicato se mova e se instrumentalize que é contra a EBSERH porque tem o que perder. Os partidos bem de esquerda usam essas questões como bandeira contra a privatização, mas não é privatização se é todo mundo do SUS. Enquanto isso existe o hospital está desabastecido. Há dificuldades em pagar a Fapeu porque o fechamento de leitos reduz o faturamento”, explica.
Heda Mara Schmid, diretora de Medicina HU reforçou que quase todos os setores do hospital enfrentam dificuldades, incluindo o problema para fechar escalas de trabalho. “O que nós queremos é o HU. Quem vai fazer é o que a gente não sabe. O que angustia é essa falta de decisão”, declara, acrescentando que o projeto de implantação do diagnóstico de doenças raras está parado por conta dessa discussão.
Segundo Evandro Martinis, chefe da emergência do HU, “a situação da falta de leitos e de pessoal no HU forçam a transferência de pacientes para outros hospitais, como o Nereu Ramos, que tem acolhido casos de HIV, por exemplo. É uma situação difícil e que teríamos condições de atender plenamente não fosse esse impasse”, destaca.
A estudante de medicina e presidente do Centro Acadêmico Livre de Medicina da UFSC, Luiza Bolsoni disse que o que deixa os estudantes inseguros é o fato do HU estar “cada vez mais se transformando em um local para atendimentos ambulatoriais. A gente observa que isso está afetando o ensino”, comenta.
O conselheiro fiscal do SIMESC e integrante do colegiado de curso, Evaldo dos Santos, destacou que a discussão sobre esse assunto está se prolongando além do aceitável. “Temos que pensar em manter a qualidade do ensino. E se continuar como está, só vai piorar”.
Fabrício de Souza Neves, coordenador do Curso de Medicina da UFSC apresentou a nota pública aprovada pelo colegiado de curso no final de fevereiro em que os participantes confirmam serem favoráveis à adesão do HU à Ebserh. "Reconhecemos a necessidade urgente de pessoal e de financiamento, que não encontra solução alternativa para atender a estas necessidades e enfrenta sérias dificuldades orçamentárias no atual modelo de gestão. Manifestamos também a intenção de fiscalizar a adequação do contrato para que a Ebserh se adeque aos princípios do SUS e ao ensino, pesquisa e extenção da UFSC".
Os diretores do SIMESC fizeram ponderações em relação à situação do hospital, do ensino em saúde e do atendimento à população e o presidente da entidade, Cyro Soncini encerrou reforçando que “pretendemos criticar a reitoria pela total falta de iniciativa para tudo. Vamos nos manter vigilantes nesse caso porque não podemos aceitar este descaso com o HU, que tem uma história de grande competência e referência construída durante anos atendendo os catarinenses”.
 


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