O Ministério da Saúde vai reforçar a fiscalização contra a dengue no Estado do Rio a partir de hoje. A informação é de Fabiano Pimenta, Secretário Nacional Adjunto de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Segundo ele, a ação é uma resposta ao aumento no número de casos da doença na região. A idéia é aumentar o número de visitas às casas pelos agentes da vigilância sanitária, além da distribuição de folhetos explicativos sobre a doença.
O secretário explica que a ação no Rio de Janeiro tem motivo estratégico. Em alguns municípios do Estado, 40% das casas recusam-se a receber o agente de vigilância sanitária. A causa apontada é o medo da violência.
Pimenta lembra que, no balanço final de 2007, registrou-se um avanço da doença, 58% em relação a 2006. Foram 136 mortes em 2007. O secretário diz que a dengue está concentrada em cinco estados brasileiros: Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco.
O verão é a época do ano em que se registra o maior número de casos de dengue. Fabiano Pimenta explica que o calor facilita a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
"Neste período do ano, um ovo que eclode leva não mais que 10 dias para chegar à fase adulta e poder transmitir a doença. Já no inverno, isso leva de 30 a 35 dias. Então o potencial de multiplicação deste mosquito é muito grande", afirmou.
A dengue é uma doença que pode matar em até cinco dias e não possui vacina. Os sintomas são febre, dores de cabeça e no corpo. O paciente com suspeita da doença deve procurar um hospital o mais rápido possível.
Plano Verão
Para evitar uma peidemia na cidade, a Secretaria de Saúde do município do Rio lançou em 14 de dezembro o Plano Verão Contra a Dengue. Até março, a Prefeitura investirá em atividades educativas para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
No verão, os agentes de saúde também vão promover ações em pontos turísticos, como a orla da cidade, os quiosques da praia e a rede hoteleira. Segundo o coordenador de controle do vetor da Secretaria de Saúde do município, Mauro Blanco, o plano também pretende formar "brigadas antidengue", com multiplicadores no controle do mosquito.
Casos dispararam
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostra a queda de 15,6% no número de casos de malária nos estados onde ela é incidente - os nove que fazem parte da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Entretanto, a dengue, incidente em todo o País, cresceu 58,37% em 2007.
Para o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde, Fabiano Pimenta Júnior, é necessário haver uma conjugação entre as três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde - municípios, estados e o Ministério da Saúde - para garantir a sustentabilidade das ações durante todos os dias do ano.
"É também é muito importante que haja empenho da população. O Ministério da Saúde fez uma pesquisa que mostra que 90% da população conhece a transmissão da dengue, sabe os principais criadouros do mosquito. Entretanto, 55% afirmaram que não adotam medidas na sua casa porque acham que o vizinho não vai fazer", disse.
Segundo a pesquisa, alguns fatores são determinantes para a disseminação da dengue no Brasil. Entre outros fatores, a pesquisa aponta o aumento da densidade populacional nas áreas urbanas (hoje, 81% da população); o aumento da produção de lixo com destino inadequado; e as diferenças regionais na oferta de água regular pelas regiões do País.
Um dado que chama a atenção no levantamento é que 35 mil pessoas por mês viajam entre Manaus e a Venezuela, o que aumenta o risco da entrada da dengue tipo 4 no País - a forma mais perigosa da doença e já está presente nos países vizinhos.
Pimenta Júnior atribuiu a redução no número de casos de malária a várias ações do Ministério, das secretarias estaduais e municipais, que deram prioridade ao controle da doença.
A Dengue no Brasil
A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) registrou, no período de janeiro a julho de 2007, 438.949 casos de dengue clássica, 926 casos de Febre Hemorrágica da Dengue e a ocorrência de 98 óbitos. Ao compararmos com o ano de 2006, observamos um aumento de 136.488 casos de dengue no País, sendo o mês de março aquele com o maior número de notificações no período, correspondendo a 102.011 casos. Importante destacar que este aumento no número absoluto de casos está relacionado com a ocorrência de epidemias com altas taxas de incidência em alguns Estados. Neste caso, destaca-se o ocorrido nos Estados: Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro que notificaram um excedente de 59.370, 39.391 e 18.181 casos, respectivamente.
Dengue aumenta 105,91% em Santa Catarina
O Estado de Santa Catarina registrou aumento de 105,91% nos casos de dengue, segundo balanço do Ministério da Saúde que compara as notificações dos primeiros 9 meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e setembro de 2007, foram notificados 453 no Estado, contra 220 em 2006.
Em todo o País, a elevação ficou em torno 50% dos casos da doença, que todos os anos mobiliza gestores, empresários, ONGs e a população em torno das ações de prevenção. Neste ano, 480 mil pessoas tiveram dengue, entre janeiro e setembro, das quais 121 perderam a vida.
Para evitar que essa situação se repita, o Ministério da Saúde alerta para a necessidade manter a vigilância atenta, uma vez que a doença pode levar à morte. Em recente discurso, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que "... o número de óbitos por dengue é injustificável" e enfatizou a necessidade de "zerar" esse problema.
Extremamente preocupado com a ocorrência de dengue, Temporão disse também que a população deve manter postura "obsessiva" na vigilância da doença. Além da preocupação com as mortes, o ministro enfatizou a necessidade de mobilização de toda a sociedade para, evitar a dengue e os óbitos pela doença, e citou a imprensa como um dos segmentos fundamentais nesse desafio em pauta durante todo o ano.
Tanto que o mote da campanha publicitária lançada este ano pelo ministro Temporão foca a questão da responsabilidade de todos em torno da prevenção da dengue e de que ela pode matar.
A campanha, lançada no dia 26 de outubro, em Belo Horizonte (MG), é uma iniciativa realizada nos dias que antecedem o período de chuvas, quando o risco da doença é maior. O tema deste ano é "Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos. A dengue pode matar."
A ação tem o objetivo de estimular a população a eliminar os locais de água parada, onde a fêmea do mosquito transmissor coloca os ovos.
Saúde convoca 8.280 médicos de Santa Catarina para combater mortes por dengue
Os médicos de Santa Catarina estão sendo convocados para o esforço de evitar as mortes relacionadas à dengue hemorrágica, a forma mais grave da dengue. Em uma ação conjunta, o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina estão enviando 8.280 cartas para profissionais médicos, alertando e convocando para essa mobilização nacional. Em todo o País, serão acionados 300 mil médicos.
Neste ano, a doença já causou 121 mortes e contaminou mais de 480 mil pessoas. Em Santa Catarina, a doença atingiu 453 pessoas até setembro.
"É inaceitável haver mortes relacionadas à dengue hemorrágica, quando há um sistema de saúde estruturado como o brasileiro", disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A estratégia tem o objetivo de mobilizar os médicos a diagnosticar a dengue no seu estágio inicial. A devida atenção ao paciente reduz praticamente a zero a possibilidade de morte por dengue hemorrágica.
A medida será complementada com o envio de um CD que está sendo produzido também pela parceria entre o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina.
O material trará informações sobre os sintomas da doença, o diagnóstico e o que deve ser feito pelo profissional. Além disso, estará disponível no site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/svs) um guia atualizado de diagnóstico e clínica médica.
Um dos pontos que favorecem o surgimento da dengue hemorrágica é a circulação em território nacional de 3 dos 4 sorotipos existentes da dengue, o DEN1, DEN2 e DEN3. A dengue requer cuidado em todas as regiões, pois o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, tem demonstrado sua capacidade de adaptação, até em locais em que tradicionalmente não aparecia, como no Sul e regiões serranas.
Os sintomas mais evidentes da doença são febre, dor no corpo e falta de apetite. Nesses casos, a população deve procurar um médico, que será capaz de dar o tratamento adequado para cada caso. O índice de morte por febre hemorrágica tem sido de 10% no Brasil.
Campanha - A Campanha Nacional de Mobilização contra a dengue começou em outubro. Ela é diferenciada, pois antecede o período das chuvas. Ou seja, dá tempo para um trabalho de prevenção, antecipando a época crítica da doença.
O tema deste ano é: "Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos. A dengue pode matar." A ação tem por objetivo estimular a população a eliminar os locais de água parada, onde o mosquito transmissor se multiplica.
A prevenção é a melhor forma de combater a doença. Esvaziar garrafas paradas, não estocar pneus em áreas descobertas, não acumular água em lajes ou calhas, colocar areia nos vasos de planta e cobrir bem tonéis e caixas-d’água são algumas iniciativas básicas.
A campanha nacional também adotou a regionalização, como sua característica mais forte. As propagandas em rádio e televisão veiculam informações de acordo com o clima de cada região, para ter um melhor aproveitamento deste esforço.
Também houve uma preocupação de que a população se identificasse com a campanha. Usou-se para isso o hip-hop, o baião, o samba, o sertanejo, o calipso e a guarânia nas localidade onde esses ritmos são mais fortes.
Na televisão, são 6 filmetes que mostram preocupações básicas, como a de não deixar água parada em pneus e cobrir bem as caixas-d’água.
Outra ação em andamento é o LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti), que permite a identificação dos bairros e áreas de maior risco em cada município. A ferramenta possibilita a adoção de medidas capazes de reduzir a infestação do mosquito transmissor da doença.
Fonte: Jornal de Brasília - 02-01-2008 e Ministério da Saúde