Natural de Blumenau, 59 anos, o atual Secretário de Saúde de Florianópolis, João José Cândido da Silva concedeu entrevista exclusiva à reportagem do Jornal Notícias do Dia, destacando vários fatores que envolvem a área da saúde da Capital. Ele avaliou como positivo o balanço do ano passado e afirmou que Florianópolis nunca investiu tanto em saúde. Para se ter uma idéia, em 2007, só com medicamentos foram gastos R$ 4.744.125,00, atendendo aproximadamente 104 mil pacientes em todo o município.
Além dos altos investimentos, João José Cândido da Silva comemora o posto que Florianópolis ocupa como município com o maior número de agentes da saúde, superando inclusive a maior cidade de Santa Catarina, Joinville. Os investimentos garantiram também a construção da Policlínica do Centro, que atende em média 400 pacientes por dia e conta 27 especialidades. Ele ainda revelou que o Norte e Sul da Ilha terão suas Policlínicas neste ano e o Continente será melhor atendido com a consolidação dos Postos de Saúde do Abraão e Coqueiros, e criticou o fim da CPMF.
Notícias do Dia: Quais tipos de investimentos vêm sendo destinados à Secretaria de Saúde pela prefeitura municipal de Florianópolis?
João Candido - É preciso deixar claro que sem dinheiro não se constrói nada, por isso temos de agradecer ao Prefeito Dário Berger que cumpriu absolutamente o compromisso dele com a saúde de Florianópolis. Antigamente, o total de arrecadação do Município destinado à saúde não chegava a 15%. Hoje são 17% destinados à saúde, ou seja, aumentaram os recursos na saúde da capital com essa iniciativa da prefeitura.
ND - Uma das suas primeiras medidas como Secretário foi concentrar a atenção primária a saúde, criando equipes de saúde da família para atuarem nos bairros de Florianópolis. Como está esse processo hoje?
João Candido - Uma equipe de saúde da família é constituída por um médico, uma enfermeira, dois técnicos de enfermagem e de seis a oitos agentes comunitários de saúde. Essas equipes são dividas por territórios e auxiliam cada região, pois conhecem o histórico da população. Na gestão passada, em oito anos foram montadas 42 equipes de saúde da família, nós, em três anos montamos, 87 equipes da saúde da família. Isso dá uma cobertura de 82% da população de Florianópolis, cada equipe de saúde é responsável em média por 4 mil pessoas. A nossa intenção é atingir os 100%, para que ninguém deixe de ser beneficiado com o atendimento das equipes de saúde da família.
ND - A assinatura do pacto pela saúde garantiu a Florianópolis a municipalização das ações e serviços de média e alta complexidade. Foi um desafio ter inteira responsabilidade nas gestões plenas do serviço público de saúde?
João Candido - Nós, corajosamente, em 11 de setembro no ano passado, assinamos um pacto de gestão e assumimos a responsabilidade. O nosso primeiro passo foi reorganizar a rede de saúde. Uma das primeiras medidas foi informatizar os postos de saúde. Antes tínhamos 11 postos informatizados, hoje temos 32 e até março deste ano pretendo entregar 53 unidades informatizadas. Esse processo de informatização facilita no processo de histórico de cada paciente nos postos de saúde e também na recomendação de remédios para as farmácias. Hoje, Florianópolis é responsável pela saúde do seu povo e, para mim, isso é uma grande conquista.
ND - Outra grande conquista da Secretaria de Saúde foi a inauguração em 13 de agosto de 2007, da Policlínica no Centro da cidade. Como esse empreendimento auxiliou no processo de melhora da saúde de Florianópolis?
João Candido - Para o leitor tomar ciência, mais de 54 mil consultas foram realizadas na Policlínica desde que ela foi inaugurada. Em média atendemos 400 pessoas ao dia e contamos com 27 especialidades médicas. Os números só comprovam que a Policlínica é sucesso. No entanto, não resolveu nossos problemas. Por isso em, fevereiro estaremos entregando a Policlínica do Norte da Ilha e, em março, a Policlínica do sul da Ilha. Ao todo, mais de 90 mil pessoas serão beneficiadas com o serviço. O Plano de saúde do povo é o SUS. Se você tiver o SUS funcionando o número de pessoas adoecidas vai diminuir consideravelmente. As policlínicas vieram para trazer esse serviço de qualidade.
ND - Um auxílio para diminuir a demanda de adoecidos no continente deve sair em abril, com a concretização do Posto do Abraão. Existe alguma outra iniciativa para região?
João Candido - A construção do posto de saúde do Abraão é uma pequena solução para aquela região, que é injustiçada por muitos anos. Mas os trabalhos não param por aí. Deve sair a conclusão do posto de Coqueiros que vai ficar pronto em seis meses. Não tenho dúvida que com esses postos vamos melhorar o atendimento à população daquela região.
ND - Além dos investimentos na construção e informatização de postos e policlínicas a Secretaria da Saúde contratará em 2008 novos profissionais. É a consolidação do serviço de saúde da Capital?
João Candido - Já temos 270 profissionais contratados. Só para registro, antigamente tínhamos apenas nove enfermeiros no município, hoje já contamos com 23 e todos entraram por processo seletivo, sem qualquer tipo de nepotismo. Outro dado interessante é que, na gestão passada, dos 41 fiscais de vigilância sanitária, só oito eram concursados. Agora, teremos 50 novos profissionais, 30 de nível superior e 20 de nível médio, todos com concurso público, sem o famoso Q.I (Quem Indica). Nós estamos fazendo um novo concurso público para área da saúde, que abriu inscrições em novembro, e a prova será em março, serão aproximadamente 800 vagas concretas.
ND - A grande discussão com o fim da CPMF é como ficaria a saúde, que era beneficiada pelo imposto. Que tipo de malefícios para saúde a não prorrogação da CPMF pode trazer?
João Candido - Vai ser causado um caos na saúde nacional, porque está faltando dinheiro. Cada brasileiro custa 127 dólares por ano. Isso dá menos de um real por dia. Mesmo assim, temos o maior programa de Aids no mundo, somos o segundo País que mais faz transplante, temos o melhor programa de imunização do mundo e não existe um sistema público tão grande no mundo quanto no nosso. Na China, não dão remédio de Aids de graça para ninguém. O Congresso Nacional prestou um desserviço para o País ao não prorrogar a CPMF. Perdeu a chance de melhorar os gastos da saúde e fazer a verdadeira reforma tributária.
FRASES:
“O Congresso Nacional prestou um desserviço para o País ao não prorrogar a CPMF”
“Hoje, Florianópolis é responsável pela saúde do seu povo e, para mim, isso é uma grande conquista”
“Em fevereiro estaremos entregando a policlínica do Norte da Ilha e, em março, a policlínica do sul da Ilha.
Fonte: Jornal Notícias do Dia - 07-01-2008