Não são só as queimaduras provocadas pela falta de protetor solar podem estragar o lazer e a diversão na temporada de verão.
A elevação da temperatura e a forte incidência de ventos leste e nordeste registrados nos últimos dias formaram um cenário perfeito para o aumento da ocorrência de águas-vivas.
No Litoral catarinense, os bombeiros registraram no feriadão de Ano-Novo pelo menos 450 casos. Em Florianópolis, foram pelo menos cem casos.
Na Capital, o maior número de casos apareceu nas praias do Campeche, Joaquina e Praia Mole, respectivamente Sul e Leste da Ilha de Santa Catarina. Boa parte dos que chegaram ao Litoral catarinense são filhotes, tão perigosos quanto os adultos.
A professora de Toxicologia da Universidade de Joinville, Margarete Grando, explica que as águas-vivas chegam à costa trazidas por correntes marítimas, principalmente as frias. Uma boa forma de identificar se a orla apresenta infestação do animal é verificar a areia.
- Se aparecerem mortas na areia, é sinal que podem estar ocorrendo naquele trecho. Nesse caso, é melhor evitar entrar no mar - alerta.
As águas-vivas são, na verdade, colônias de pólipos. Cada espécie tem uma função. Uma forma os tentáculos, outra bóia, outra digere os alimentos. A aparência lembra a de uma gelatina incolor ou de coloração arroxeada, mas o veneno fica concentrado nos tentáculos. As azuladas e as "caravelas" são as que oferecem maior perigo e há filhotes que chegam a dois metros. Além da dor e queimações, podem causar mal-estar, com náuseas, vômitos e dor de cabeça.
- Em casos mais graves, a vítima pode até ter contraturas musculares, cãibras e arritmia cardíaca - comenta a professora.
Local atingido não deve ser lavado com água doce
Segundo o médico Austregésilo Silva, as pessoas que sofrem queimaduras leves de águas-vivas devem aplicar, no local machucado, vinagre ou uma pasta feita com farinha (de mandioca ou trigo) e vinagre.
- O ideal é colocar no local, deixar uns 15 a 20 minutos e depois renovar, passar de novo, porque isso alivia a dor e não fica manchas.
Em casos mais graves, em que a vítima apresenta manchas pelo corpo, vômito, náusea e dores, o ideal é passar a pasta e levar a pessoa para o posto médico ou hospital mais próximo. O médico alerta que o ferimento não deve ser lavado com água doce, pois isso piora a lesão e a dor. O ferimento também não deve ser esfregado.
- O recomendado é usar água do mar ou gelo.
FIQUE ATENTO
Como identificar
São espécies gelatinosas e transparentes que liberam uma toxina irritante em contato com a pele. Dá a sensação de uma queimadura. Os tentáculos da água-viva ficam grudados na pele. Nem todas as águas-vivas queimam. A perigosa espécie é a medusa, em formato de guarda-chuva, e a caravela, parecida com balão de ar que flutua no mar. Na dúvida, não toque.
Primeiros socorros
Jamais usar água da torneira ou corrente, para não piorar o efeito do veneno.
Lavar com vinagre e aplicar compressas de pasta de vinagre com farinha de trigo ou mandioca e remover com espátulas ou a parte lisa de uma faca para retirar as membranas com as substâncias tóxicas.
Outra opção é uma pasta com bicarbonato, talco simples e água do mar gelada.
Em casos de náuseas e febre alta, encaminhar a vítima para o hospital o mais rápido possível.
Para prevenir
Com exceção do verão, evitar praias de águas frias.
Verificar na faixa de areia úmida se há águas-vivas. Caso encontre, não entre no mar.
Para os pais, entrar no mar até a altura do joelho e observar se há "bolsas gelatinosas azuladas" boiando.
Ventos que sopram da terra para o mar tendem a trazer mais águas vivas para a praia.
Mais informações:
O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantém um serviço de pronto-atendimento e para tirar dúvidas. O número é 0800-643-5252.
Fonte: Diário Catrainense - 03-01-2008