A Prefeitura de São Paulo vai passar a publicar na internet a escala dos médicos de plantão.
A medida foi confirmada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) e pelo secretário da Saúde, Januario Montone, mas ainda não há prazo para a sua implantação.
De acordo com Kassab, o objetivo é dar maior transparência às ações da prefeitura e permitir um maior controle por parte da população. Para o sindicato dos servidores municipais e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina), no entanto, a intenção é constranger os médicos e inibir as faltas.
A Secretaria da Saúde não informou o número de faltas de médicos na rede municipal, mas disse que o índice não é preocupante. O sindicato dos servidores, no entanto, confirmou que há faltas estimuladas pelos baixos salários.
O governo do Estado do Rio de Janeiro adotou medida semelhante no fim do ano. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, foram apenas três faltas de médicos no plantão de Natal 0,18% do total de médicos escalados e sete no Ano Novo, 0,42% do total.
A assessoria de imprensa da secretaria do Rio não informou a média de ausências em outros feriados, mas confirmou que o índice no fim do ano foi muito baixo. Os faltosos serão demitidos. Os efetivos também podem ser exonerados.
Para a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, o problema da rede é o déficit de médicos. A cidade tem cerca de 8.500 nas unidades municipais e precisaria de 9.000.
Críticas
"A simples divulgação de escalas de plantão é demagógica e hipócrita", diz Henrique Carlos Gonçalves, presidente do Cremesp. "Não adianta colocar que no hospital do Tatuapé [zona leste] há três neurocirurgiões de plantão e não dizer que não há nenhum tomógrafo em condições de uso, que não há técnicos de enfermagem suficientes, que não há leitos em operação", disse o presidente do Cremesp.
Para Leandro de Oliveira, presidente do Sindsep (sindicato dos servidores municipais de São Paulo), o prefeito precisa melhorar o salário e as condições de trabalho dos profissionais para resolver o problema da saúde. "Há casos até de agressão contra os médicos. Essa coisa de colocar na internet é uma maneira de punir o profissional", disse Oliveira.
Oliveira e Gonçalves ressalvaram que não são contra a divulgação da escala dos médicos, mas disseram que a medida isolada não resolverá o problema.
Fonte: Folha de São paulo m- 08-01-2008