Perspectivas para a economia e o piso estadual de salários em Santa Catarina

Os rumos da economia internacional vão continuar afetando as decisões de política econômica do governo brasileiro, as decisões de investimento privado e, em alguma medida, as decisões de consumo das famílias no Brasil. Tudo isso irá influenciar o comportamento da economia catarinense. O Brasil, é verdade, está preparado para enfrentar uma piora da crise. Temos, por exemplo, margem para redução da taxa de juros, que é a mais elevada do mundo, para estimular o crescimento da economia, coisa que muitos países não podem fazer porque suas taxas de juros já são zero ou negativas em termos reais. A taxa de juros no Brasil, aliás, vem diminuindo desde agosto. Se o cenário se agravar na Europa, o Banco Central tem a alternativa de acelerar o ritmo de redução dos juros.
Outros fatores também irão ajudar muito, como o reajuste do salário mínimo que em janeiro de 2012 passou para R$ 622,00. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (DIEESE) calcula que a estimativa do adicional de renda pelo aumento do salário mínimo será de aproximadamente R$ 24 bi (cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto), sem contar o efeito multiplicador sobre os demais salários. Além disso, o governo vem encaminhando outras medidas que estimularão o nível de atividade: continuidade da queda dos juros básicos, relaxamento das medidas macroprudenciais (crédito de automóveis entre outras) e a desoneração do Super Simples (pela elevação das faixas de enquadramento). Isso tudo influenciará diretamente o comportamento da economia catarinense.
Em Santa Catarina temos um fator adicional, que é a negociação dos novos valores dos pisos estaduais, que devem começar a vigorar em janeiro. Como sabemos, os pisos estaduais exercem grande influência sobre os pisos da maioria das categorias, elevando significativamente a massa de salários na economia. Mesmo que sejam aprovados em fevereiro no Legislativo Catarinense, os novos valores retroagirão a janeiro. A reivindicação das centrais sindicais e de seus filiados, é que seja aplicado nos pisos atuais, percentual idêntico àquele que reajustará o salário mínimo, de 14,26%. Isso significa que o menor piso, que atualmente é R$ 630,00, irá para quase R$ 720,00.
Não custa recordar que, ao contrário do que apregoavam algumas lideranças empresariais em 2009, o piso estadual não gerou desemprego nem inibiu as negociações coletivas. Pelo contrário, melhorou as condições de vida de milhares de trabalhadores catarinenses, distribuiu renda, e fomentou o consumo de artigos de primeira necessidade nas áreas de vestuário, alimentos, transportes, fortalecendo a indústria e o comércio catarinenses. Por essas razões o reajuste dos pisos é ainda mais oportuno neste momento, em que as alternativas de crescimento se voltam para o mercado interno, em função da crise internacional, especialmente na Europa. Em face desse conjunto de fatores, é possível ser otimista em relação a 2012, especialmente pelas razoáveis condições macroeconômicas que o Brasil dispõe neste momento.

 


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