Difícil compreender em que momento da atual história política do país o médico foi alçado da condição de profissional respeitado a culpado pelas mazelas da saúde pública do Brasil. Aos médicos foi imposta a responsabilidade pela falta de profissionais em locais de difícil provimento, recaiu a culpa pela falta de estrutura de atendimento e foi dado o ordenamento de não ser tratado como um trabalhador, que como o tal, tem o direito de receber por seu empenho, desempenho e disponibilidade.
Nesse mesmo recente período político, foi dada ao médico a missão quase impossível e um tanto questionável do ponto de vista da ética profissional, de internar pacientes em macas, em cadeiras de praia, de socorrer pacientes no chão, de ter que tirar do próprio bolso o recurso para comprar o medicamento em falta para o paciente internado em estado grave ou para ajudar aquela mãe que desesperada, precisa salvar seu filho!
No último ano principalmente, nosso compromisso com os cidadãos brasileiros extrapolou os ambientes de saúde. Saímos dos consultórios, dos ambulatórios, dos centros cirúrgicos... Colocamos o jaleco para também ir às ruas. Nunca o médico esteve, como categoria, tão envolvido nas questões políticas e se sentiu tão ferido e agredido por um governo que demonstra, além de não ter competência para lidar com as situações óbvias, necessidade de dar ao próximo, a responsabilidade por suas omissões.
Peço licença aos que pensam diferente e os convido para conhecerem a realidade principalmente das unidades públicas de saúde onde não raro, as filas de espera por atendimento, por procedimentos e por medicamentos nos trazem a angústia de não poder fazer mais...Você cidadão, que não acredita nisso, invista um pouco de seu tempo e converse com as pessoas que precisam da "ambulancioterapia" para garantir sua saúde ou de alguém próximo.
Quem sabe da dor do próximo pode contribuir para melhorar a estrutura que ai está. Nós médicos, estamos cumprindo a nossa parte. Estamos indo em busca de melhorar, de tentar conversar, de tentar negociar para que os governantes possam garantir aos cidadãos o bem mais precioso: a saúde.
Ainda que insistam em lutar covardemente contra nós, temos muito o que comemorar neste dia 18 de outubro. Somos médicos. Aceitamos essa linda e difícil missão. Somos cidadãos honrados e dignos que temos como missão salvaguardar a vida. Estamos juntos, lutando por um futuro melhor. Parabéns doutores e doutoras e obrigado cidadão. É por vocês também que estamos em luta permanente. Saúde sempre!