Formação médica no Brasil: pátria que (não) educa, (não) forma bons profissionais

 Um governo que vocifera o slogan "pátria educadora" e ao mesmo tempo promove um corte de R$ 9 bilhões na educação, não pode ser levado a sério! O descaso por parte da presidente e seus seguidores com o ensino brasileiro é de causar espanto nos mais frios e insensíveis cidadãos.

Pagar juros, sim. Desviar recursos para a corrupção, também. Melhorar as condições nas escolas e remunerar melhor os professores - ah, isso não!
Na formação médica não é diferente.
Reunidos no 18º FEMESC, em Rio do Sul no mês de junho de 2015, lideranças médicas de diversas regiões do Estado e do país puderam constatar que este governo, no que se refere à educação médica, está completamente nu.
Senão, vejamos:
- autoriza o funcionamento de escolas médicas de modo absurdo, sem a contrapartida óbvia da qualidade.
- altera as diretrizes curriculares sem ouvir a Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM).
- corta verbas destinadas aos hospitais universitários, formadores de recursos humanos em saúde.
- mantém em funcionamento cursos ruins, alguns verdadeiras máquinas arrecadadoras.
- corta verbas da residência médica e restringe as ações de fiscalização por parte das comissões estaduais.
- altera a formação da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) - agora só o governo decide.
- aumenta o tempo de residência com período obrigatório em saúde da família, mesmo para quem deseja ser especialista.
- desequilibra o acesso à residência médica concedendo bonificação excessiva aos participantes do PROVAB e do programa Mais Médicos.
- remunera o médico residente com valores vergonhosos, enquanto o intercambista estrangeiro ganha quatro vezes mais.
Nas palavras do médico Carlos Vital, presidente do Conselho Federal de Medicina, "o país precisa de atitudes sérias e coerentes com o ensino de medicina. O argumento do governo federal de abrir novas escolas em cidades com menos de 50 mil habitantes com o objetivo de ali fixar os recém-formados é uma falácia populista e demagógica, paradoxal à ética da responsabilidade social e que desrespeita e desconsidera a qualidade do ensino a ser oferecido, muitas vezes para o gáudio político e empresarial, com escolas sem docência e sem decência".
Pensamos do mesmo modo. Há que haver investimentos; há que atender as entidades médicas; há que ouvir a ABEM. Há que entender que o ensino médico de qualidade é um dos alicerces de sustentação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Este governo federal faz muito mal à saúde e, constatamos agora, à educação brasileira.
Enquanto precisarmos continuar convivendo com este governo federal que ora se derrete, façamos com postura e independência. Focados na qualidade do ensino médico.

Afinal de contas, como diz o ditado, não há mal que sempre dure.
A Diretoria


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