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Minha Carta de Imbituba

 Médico José Carlos Angioletti envia documento ao SIMESC com o título, "Minha Carta de Imbituba", uma reflexão do tema principal da 16ª edição do FEMESC, realizada em Imbituba no final de junho. "Desejo, com esse gesto, dar conhecimento aos presidentes de minhas entidades representativas, das minhas impressões sobre o atual momento que cerca todas as dificuldades que encontramos em lutar por um SUS de qualidade", destaca. Confira o texto a seguir.

MINHA CARTA DE IMBITUBA
Prezados Cyro, Aguinel e Vicente – se assim permitem-me nomina-los – dignos Presidentes de minhas entidades profissionais.
Primeiramente quero parabeniza-los pela pertinência e oportunidade do tema central desse 16º Fórum. Se há algo a lamentar, foi a pouca participação da imensa maioria dos médicos para as lutas empreendidas por seus órgãos de classe e representação. Como diz o ditado, “ só se percebe que o indivíduo está nú, quando a maré baixa”. E a maré está baixando colegas! E bem rapidinho.
Todas as propostas de melhorias da qualidade de atenção da saúde pública passa, necessária e obrigatoriamente, por decisões políticas. Por isso, temos de saber para onde sopram os ventos políticos, isto é, como posicionam-se nossos 40 deputados federias e três senadores. Tenho alguns temores, como médico e cidadão – além da proposta de “importação” de médicos cubanos de parte do governo brasileiro, e dos graves problemas que vivenciamos na saúde pública : o partido governista está tentando, a meu ver, “venezualizar” o sistema político nacional. Todo cuidado é pouco! Temos que redobrar nossas atenções para além dos problemas que afetam as emergências e sucateamento de hospitais, da tabela SUS, das escolas médicas, e por aí vai..... O momento é de alerta geral e total, por tudo o que está vindo aí. E como posicionam-se e votam nossos representantes federais? Alguém poderia me informar? Temos que conhecer a face votante desses cidadãos que detém representação política!
Deixo, para os colegas a “minha carta”, uma humilde tentativa de “sensibilizar” minhas entidades representativas à lutar por algo mais além dos assuntos médicos específicos. Nossos representantes na Câmara Federal e Senado devem, por nós, perguntar à Exma. Presidente com qual intenção “perdoou” as dívidas de países africanos para com o Brasil (divulgam-se US$ 850 milhões) – além daquilo que já se fala à boca pequena, ou seja, beneficiar as grandes empreiteiras nacionais que,coincidentemente, prestam serviços à estes países - e aos políticos nacionais em campanhas eleitorais. Devem também, entendo, pedir explicações de como a Petrobrás (ainda no governo Lula, com José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal na época) conseguiu, ao comprar uma refinaria em Pasadena – Califórnia, nos presentear com um prejuízo de US$1,5bilhão. Quem beneficiou-se com essa tremenda tunga ao povo brasileiro? Entendo que devamos nos posicionar fortemente em defesa de algumas bandeiras, e saber como votam nossos representantes políticos em temas extremamente relevantes, que nos atingem diretamente, quais sejam: 1 – liberdade de opinião e expressão; 2-independencia do judiciário; 3 –novo Código Penal; 4- PEC 37 (já resolvido, graças!); 5 – PEC 454/09; 6 – importação de médicos estrangeiros; 7 – maioridade penal (ECA - aumento do tempo de internação); 8 – Projeto de Lei do Aborto; 9 – Corrupção; 10 – PL que criminaliza o uso de drogas – a boa proposta do Dep. Fed. Osmar Serraglio. Cito, adicionalmente: políticas econômica governamentais equivocadas com a volta da espiral inflacionária, falta de investimentos ocasionando imensos gargalos em rodovias, portos e aeroportos São apenas alguns tópicos levantados por esse médico-cidadão inconformado e preocupado em como certas decisões políticas atuais poderão afetar, para pior, nosso horizonte futuro. Nossas entidades representativas devem informar à classe médica catarinense – através seus boletins - como votam, de maneira clara e nominal, nossos deputados federais e senadores nesses assuntos (e tantos outros de nosso interesse). Tudo isso somado, e alguém duvida aonde reside a falta de recursos para a saúde pública de qualidade, pela qual tanto lutamos ?

 


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