Médicos e residentes participaram nos dias 19 e 20 de junho, em Rio do Sul do 18º Fórum das Entidades Médicas de Santa Catarina (FEMESC). O evento organizado anualmente pelo Conselho Superior das Entidades Médicas de (COSEMESC) teve como tema central nesta edição a formação médica no Brasil.
Fotos Painel: A situação atual da formação de médico no Brasil
Fotos: Abertura e palestra "Desafios na formação médica
Fotos: Painel: Situação atual da formação de médico especialista
Fotos: Plenária e transmissão da Coordenação do COSEMESC
Formação do acadêmico
Na sexta-feira (19/06) no painel “A situação atual da formação de médico no Brasil”, o pediatra Nelson Grisard, membro da Comissão de Ensino do CFM e professor de Ética Médica e Bioética, da Unisul (Palhoça), explicou as novas diretrizes curriculares nacionais implantadas após a implementação da Lei do Mais Médicos, em 2013. “Entre as mudanças está a criação de mais vagas nas escolas de medicina e a obrigatoriedade de cumprir um ou dois anos da residência no atendimento do Programa Saúde da Família (ESF)”.
O professor e ex-coordenador do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Eduardo Pinheiro, lembrou que uma boa avaliação do desempenho dos cursos e alunos é essencial para a qualidade do ensino médico no Brasil. Segundo ele, as novas diretrizes prevêem avaliações a cada dois anos, mas não deixa claro como será o processo. “É uma tendência internacional e não somos contra, mas não concordamos em fazer a prova somente no final no curso. Se o aluno e as escolas souberem durante o ensino como está o desempenho será muito mais produtivo, assim como ocorre hoje com o teste de progresso”.
O coordenador do curso de medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), João Ghizzo Filho, exlplanou sobre a necessidade das avaliações. Embora as escolas de Santa Catarina tenham apresentado resultados positivos no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), o ranking nacional foi diferente. Dos 166 cursos de medicina que realizaram o mais recente teste, 39 apresentaram índice insatisfatório. Referente ao conceito preliminar do curso, 36 não foram reconhecidos e dois cursos descredenciados. “Preocupa-me muito o conceito do ENADE. Embora nosso Estado tenha um bom índice, em outras regiões do país os números mostram que não estamos preparando bem os médicos”, afirmou.
Outro ponto que tem preocupado os médicos é a interferência do governo para a criação de mais escolas de medicina, com o objetivo de solucionar a ausência de profissionais no país. “Não faltam médicos. O que falta é distribuição adequada. O médico foge do serviço público porque não tem carreira, não tem nada. O Brasil não precisa de mais médicos e sim de melhores médicos nas escolas”, enfatizou o presidente do SIMESC, Cyro Soncini.
Abertura oficial
Aproximadamente 100 médicos participaram da abertura oficial na sexta-feira à noite que contou com a presença de lideranças médicas e autoridades. O presidente do COSEMESC, Rafael Klee de Vasconcellos citou a importância de se discutir a formação médica, tendo em vista que a educação e a saúde são as áreas de maior insatisfação dos eleitores brasileiros e criticou a forma como o governo vem tratando estas questões. “Enquanto medidas demagogas forem tomadas não teremos resultados. Precisamos de gestão eficiente, sem desperdício de recursos públicos”, declarou.
Desafios da formação médica
A palestra de abertura foi promovida pelo diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz Bonamigo Filho. Com o tema “Desafios na formação médica”, ele apresentou um panorama geral das implicações das novas diretrizes curriculares e o que tem sido feito pelas entidades para solucionar o problema.
Bonamigo explicou que uma ação de inconstitucionalidade referente ao programa Mais Médicos está sendo promovida pela AMB e enfatizou que também é necessário mobilização por parte dos médicos. “Será que faz sentido a formação médica estar sendo estruturada desta maneira pelo governo ou temos que tomar as rédeas e mudar isso?”, provocou.
Formação do residente
No segundo dia do FEMESC, o painel 2 discutiu a “Situação atual da formação de médico especialista”. Os palestrantes Maria Zélia Baldessar (presidente da Comissão Estadual de Residência Médica), Diogo Leite Sampaio (diretor de Comunicação da AMB) e Douglas Muniz Barbosa (médico residente), explicaram como funciona hoje a formação dos 20 mil residentes atuantes no Brasil, a preocupação com a qualidade e o ingresso de novas vagas e as dificuldades que as comissões de residência médica têm enfrentado sem o recebimento de verbas do governo para acompanhar as reuniões da Comissão Nacional de Residência Médica, em Brasília.
De acordo com Maria Zélia houve uma expansão de 50% nas ofertas de vagas de residência no país, mas o problema é que são criadas de acordo com a vocação das instituições e não conforme a necessidade. “Não existe estudo para saber quais especialidades são mais necessárias naquela região. As instituições têm que olhar diferente para abertura de programas, pois não adianta só ofertar tem que haver coerência”, afirma.
Para Diogo, além disso também é preciso haver qualidade na seleção dos residentes. ”Com a bonificação dos integrantes do PROVAB os méritos da seleção foram prejudicados”.
Douglas Barbosa, que faz residência no hospital Celso Ramos, em Florianópolis, grande parte das dificuldades enfrentadas pelos residentes é devido o comodismo deles mesmos e das chefias. “Hoje o residente parece não estar mais pra aprender ou ser ensinado. Está para fazer o trabalho e para isso receber uma remuneração injusta. Nós mesmos nos acomodamos nessa situação, mas vamos estagnar?”, indaga.
Plenária
No encerramento do evento os médicos fizeram suas contribuições para a elaboração da Carta de Rio do Sul que será entregue às autoridades e disponibilizada aos médicos e população. Também foi proposto que 19º FEMESC seja realizado em Florianópolis , em data a ser confirmada. Em seguida foi feita a transmissão da coordenação do COSEMESC para Antônio Silveira Sbissa, presidente do CREMESC.
A matéria completa sobre os temas abordados no 18º FEMESC você acompanha na próxima edição da Revista SIMESC.
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