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São Francisco do Sul: terceira cidade mais antiga do Brasil sem estrutura para realizar partos há 20 dias

Sindicato Médico irá ao MP para informar sobre riscos de fechamento do hospital de Caridade e falta de estrutura do pronto-socorro para realizar cirurgias

O encerramento das atividades do hospital de Caridade, de São Francisco do Sul, há quase 20 dias deixou os mais de 40 mil habitantes da terceira cidade mais antiga do Brasil sem serviço de cirurgia. Pacientes que antes procuravam a unidade de saúde atualmente são atendidos somente no pronto-socorro municipal. No local não há espaço destinado a procedimentos cirúrgicos.
“Fomos conversar com os médicos e pelo que nos foi relatado, há 20 dias não são realizados partos e nem outros tipos de cirurgias na cidade. As questões que levaram a prefeitura a suspender os repasses ao hospital de Caridade não estão em discussão pelo SIMESC e devem sim, ser investigadas. O que questionamos é o fato de uma unidade de saúde ter sido fechada e a população estar refém do deslocamento até o hospital em outro município para poder realizar uma cirurgia de emergência”, alerta o presidente do Sindicato, Cyro Soncini.
Para tentar garantir a saúde à população e dar respaldo aos médicos que atuam no pronto-socorro municipal, o SIMESC relatará a situação ao Ministério Público nos próximos dias. “Queremos saber como o Ministério Público procederá frente a estes fatos: como ficará a situação das gestantes até a nova unidade estar em pronto funcionamento, o que está previsto para março do próximo ano?”, questiona Soncini.
O presidente da Regional Joinville do SIMESC, Hudson Gonçalves Carpes, lembra também que se aproxima a temporada de verão e que a rodovia que dá acesso a São Francisco do Sul registrará novos problemas de congestionamentos. “Não será de espantar se houver o registro de gestantes tendo os filhos dentro de carros. Uma cidade como São Francisco não pode ficar refém do serviço de saúde de outras cidades principalmente porque todos os municípios têm seus problemas em relação à estrutura de atendimento”, afirma Carpes.
Além de acionar o MP, o SIMESC também buscará no Conselho Regional de Medicina (CREMESC) informações sobre uma vistoria realizada no pronto-socorro.
Desativado
A reunião com os médicos que trabalhavam no hospital de Caridade ocorreu na terça-feira (08/11), na própria unidade de saúde. No local foi possível confirmar a desocupação da unidade de saúde fundada há mais de 150 anos. Funcionários que foram dispensados mantêm a estrutura organizada e limpa na esperança que o hospital seja reaberto.
“A situação para a população de São Francisco do Sul é gravíssima. O encontro com os médicos serviu para termos conhecimento dos fatos ocorridos para podermos agir em defesa dos profissionais e também de quem precisa de atendimento”, reforça Carpes.
Prefeitura
Em setembro, o prefeito de São Francisco do Sul, Luiz Roberto de Oliveira informou em entrevista coletiva sobre a “devolução” da administração do hospital de Caridade à Venerável Ordem Terceira de São Francisco. De acordo com Oliveira, desde 2009 o hospital era mantido pela prefeitura por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Naquele ano o MP quase interditou o hospital após constatar irregularidades na gestão financeira.
Conforme dados da prefeitura, durante mais de dois anos e meio, o município se responsabilizou pelo pagamento dos salários dos funcionários, honrou dívidas fiscais e modernizou os equipamentos do hospital por meio de repasses mensais superiores a R$ 200mil.
Na entrevista coletiva, o prefeito informou que o MP orientou a prefeitura para a realização de um novo TAC para encerrar o contrato de intervenção, o que ocorreu no dia 30 de setembro. O motivo, também de acordo com o prefeito, foi a descoberta de fraudes que impediram a prefeitura de manter o convênio.
“De toda forma, uma paciente não pode ficar refém das condições de trânsito para realizar o parto, por exemplo. O bebê não irá esperar para nascer e nem um paciente com AVC, ou com traumas graves poderá esperar acabar um congestionamento para ser internado”, afirma a tesoureira da Regional Joinville do SIMESC, Suzana Maria Menezes de Almeida.
Além do presidente do SIMESC, Cyro Soncini, do presidente da Regional Joinville, Hudson Gonçalves Carpes e tesoureira da Regional Joinville, Suzana Maria Menezes de Almeida, estavam na comitiva do SIMESC a coordenadora do sindicato, Terezinha Koerich, o advogado Rodrigo Machado Leal e a jornalista Carla Cavalheiro.


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