Como representantes da categoria profissional médica, vimos a público alertar os pais e responsáveis pelas crianças de nossa região, sobre o problema da falta de pediatras no atendimento de urgência e emergência, assim como a limitação de atendimento em consultórios e ambulatórios pediátricos. A Pediatria é a especialidade responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes, e o Pediatra exerce fundamentalmente o papel de médico da família sendo esse profissional essencial no sistema de saúde. A sua responsabilidade passa pelo aconselhamento de pais e familiares sobre doenças e prevenção, identificação precoce de doenças genéticas ou infecciosas, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, vacinação e controle de epidemias, educação infantil, campanhas de estímulo ao aleitamento materno, lutas políticas quanto a inclusão de novas vacinas no calendário de imunização (estendido a todas as crianças); luta pelo direito de licença maternidade de 6 meses, obrigatoriedade do Teste do Pezinho, Teste da Orelhinha e Teste do Olhinho, atuação forte no combate a violência infantil e na prevenção de acidentes e combate às drogas na infância e adolescência, assim como todas as formas a exploração sexual infantil, sempre atento as necessidades da criança, e na maioria das vezes sendo seu porta voz nas situações em que qualquer risco ameace uma criança.
Entre as causas que afetam particularmente a pediatria, poderíamos citar a desvalorização do profissional, a baixa remuneração por serviços tão especiais e especializados, a diminuição constante de profissionais médicos que sigam a carreira de pediatria, a busca pelo profissional de novas carreiras profissionais ou de outras especialidades médicas, a falta de hierarquização de atendimento nas unidades públicas, a utilização do Pronto Socorro como ambulatório, sobrecarregando a profissional com atendimentos que deveriam ser realizados no consultório, no ambulatório ou no Posto de Saúde, estimulando a “ Cultura do Pronto Socorro “ , em detrimento de um atendimento mais direcionado ao acompanhamento da criança e ao reforço de vínculos entre a criança, a família e o pediatra, a pressão pela quantidade de atendimentos realizados e o não pagamento de consultas de retorno pelos Convênios, somado à falta de informação aos pais que procuram atendimento nas emergências , permanecendo num ciclo vicioso ininterrupto.
Esta dificuldade na assistência não é recente, mas agrava-se pela desvalorização deste profissional que tem na consulta clínica, a sua maior remuneração. Hoje fica espremido entre os altos custos que tem para manter seu consultório, o pouco tempo disponibilizado para atendimento em ambulatório, a luta constante pela justa remuneração através das operadoras de planos de saúde, a responsabilidade pessoal com a atitude profissional que deve manter, sem esquecer-se do tempo que necessita para cuidar de sua própria família e atualização profissional. A desassistência preocupa-nos, a ponto de fazermos este alerta, buscando sensibilizar nossas autoridades públicas e privadas, no sentido de buscar uma ação efetiva que reverta ou minimize esta tendência. Como entidades representativas, temos as soluções técnicas para este problema, porém existe a necessidade da incorporação política das mesmas, que poderão ser implementadas de curto a longo prazo, através de uma sinalização ampla de que se quer buscar efetivamente uma solução.
Estamos atentos a todas as variáveis, e como entidades médicas regionais, estamos empenhados e preocupados em encontrar uma solução, retornando a normalidade ao atendimento das crianças, que no caso da Urgência / Emergência tem absoluta prioridade, a fim de não corrermos o risco de eventual desassistência. Mais do que apontar erros históricos, devemos juntar nossas forças e direcionar para quem efetivamente pode resolvê-las.
SIMESC- REGIONAL MÉDIO VALE - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO VALE DO ITAJAÍ -
ASSOCIAÇÃO MEDICA DE BLUMENAU – VICE PRESIDENCIA DISTRITAL DA ASSOCIAÇÃO
CATARINENSE DE MEDICINA – DELEGACIA REGIONAL DO CREMESC.