A falta de um acordo a respeito de reajute de remuneração a consultas e procedimentos médicos forçou os médicos catarinenses a suspenderem a partir das 8h do dia 10 de janeiro, por tempo indeterminado, os atendimentos aos planos de saúde do grupo Unidas.
“Estes planos historicamente sempre foram parceiros das entidades médicas. Porém, a categoria chega a um momento de busca de valorização profissional em que os valores praticados pelos planos de saúde não garantem mais a sustentabilidade de consultórios e muito menos a continuidade de aperfeiçoamento profissional. Os médicos entendem que a implantação em Santa Catarina da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) sem redutores tem que ser adotada pelas operadoras de planos de saúde”, afirma o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC), Cyro Soncini.
O presidente do Sindicato explica que a CBHPM foi elaborada há uma década e desde então os médicos em todo o país lutam para que ela seja o referencial de remuneração. De acordo com a classificação, uma consulta médica, por exemplo, teria que custar R$ 65. No entanto, as operadoras alegam que este valor inviabilizaria financeiramente as empresas. “O reajuste dos planos de saúde é repassado religiosamente aos clientes todos os anos e esse reajuste não chega ao médico. Precisamos acabar com essa condição de que o cliente paga e a disponibilidade de médicos diminui a cada dia porque de alguma forma esse reajuste não é repassado aos profissionais”, comenta Soncini.
Ainda de acordo com o presidente do Sindicato, dados da Agência Nacional de Saúde (ANS) apontam que na última década o setor de saúde suplementar cresceu em ritmo inédito. “É um grande negócio para as operadoras porque os pacientes têm cada vez mais dificuldade em agendar uma consulta e os médicos vem-se obrigados a deixar de atender porque a remuneração não é atrativa. É um mercado, mas que no momento beneficia somente uma ponta. Se plano de saúde não desse lucro estaríamos vendo operadoras fechando. E não é bem isso o que está acontecendo”.
O Sindicato dos Médicos, integrante do Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (COSEMESC), orientou os médicos que atendam os pacientes do grupo Unidas mediante o pagamento do valor da consulta de R$ 65. Da mesma forma devem proceder em relação a outros procedimentos médicos. Os médicos devem emitir um recibo para que os pacientes busquem o reembolso com as operadoras.
Integram os planos de saúde do grupo Unidas Assefaz, Brasil Foods, Capesesp, Cassi, Celos, Conab, Correios Saúde, Eletrosul, Elos Saúde, Embratel, Fassincra, Funservir, Geap, Petrobrás, Proasa, Pró-Saúde Alesc, Saúde Caixa, Sesef, Tractebel Energia e outros planos regionais.