Confira a repercussão desse assunto na imprensa AQUI.
Levantamento aponta que o número de pacientes atendidos nos últimos 30 dias na emergência foi de 6.561, o que dá uma média de mais de 215 pacientes por dia e mais de nove pacientes por hora.
Esperar horas para ser atendido e ter que escolher quem atender. Essa é a realidade enfrentada todos os dias por pacientes e médicos na emergência do hospital infantil Joana de Gusmão, referência em Santa Catarina. O problema é causado por uma situação que se arrasta sem solução há anos: a falta de médicos para atender a demanda da emergência. Hoje, a escala de plantão noturna tem apenas um médico de plantão.
“O relato dos médicos é dramático. Ouvimos coisas como ‘medicina de guerra’, aquela situação em que é preciso escolher que paciente atender. É desesperadora a situação que coloca em risco a vida de pacientes e pode acabar com a reputação dos profissionais que estão ali também em risco de trabalho”, avalia o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC), Cyro Soncini.
Os representantes do SIMESC e o coordenador do Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (COSEMESC), Aguinel Bastian Júnior estiveram reunidos esta semana com os médicos da emergência do hospital. Dias antes, os representantes médicos estiveram com o secretário de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, quando entregaram um documento com o relato da situação vivida pelos médicos.
“O que é inaceitável é que há poucos dias foi homologado um concurso público para suprir vagas na saúde e não foram destinadas vagas para este setor do infantil. É absurdo imaginar que um médico tenha que escolher que paciente atender e tenha que contar com a sorte de não chegar à emergência mais um paciente grave”, avalia o vice-presidente do SIMESC, Vânio Lisboa.
A situação
Os 14 médicos que atuam na emergência do hospital infantil realizam visitas a pacientes internados na emergência, atendem pacientes que chegam por demanda e pacientes encaminhados pelas UPAs e prontos socorros de Florianópolis e de outras cidades, entre outras atividades.
De acordo com levantamento realizado por médicos da emergência, o número de pacientes atendidos nos últimos 30 dias na emergência foi de 6.561, o que dá uma média de mais de 215 pacientes por dia e mais de nove pacientes por hora.
“Esse trabalho é realizado com a pressão de um pai, de uma mãe na porta desesperado com o problema do seu filho. E essas famílias têm razão! Mas sozinho, como o médico pode atender a todos? Ultrapassamos o limite de esperar por reforço de recursos humanos uma vez que faltam médicos, mas também faltam enfermeiros, técnicos de enfermagem”, acrescenta Cyro Soncini.
Leitos fechados
Na reunião com os representantes médicos os profissionais do infantil citaram ainda que há leitos fechados no hospital infantil. Pelo menos 50 poderiam ser abertos se houvesse a contratação de profissionais.
“O governador de Santa Catarina prometeu em campanha que as ‘pessoas viriam em primeiro lugar’. Os pacientes que se dirigem aos hospitais são pessoas e precisam ser tratados como tal. Precisam ter um atendimento digno e de qualidade. A qualidade dos médicos ninguém questiona. Mas a dignidade para pacientes está sendo esquecida”, acrescenta Soncini.
Solução
Para o presidente do SIMESC, Cyro Soncini, a situação de falta de recursos humanos não é exclusividade do hospital infantil. “Basta passar em frente aos hospitais em todo o Estado. É só sentar na emergência e puxar assunto com quem está ali. A imprensa tem se encarregado de apresentar a gravidade desse problema que não foi solucionado com a realização desse concurso público”.
Cyro lembra que os diretores de hospitais apresentaram a quantidade de profissionais que seriam necessários para cada unidade. “Porém, na hora do concurso, essas vagas foram cortadas deixando um hospital como infantil, por exemplo, sem a possibilidade de contração de pediatras para a emergência”, acrescenta.
O presidente do Sindicato afirma que seriam necessários 16 médicos para suprir a demanda do infantil. “Esses profissionais dariam mais agilidade ao trabalho na emergência. O governo tem como fazer isso. Porém temos uma janela de pelo menos 30 dias para o remanejamento dos aprovados em concurso para o infantil, período que torna mais crítica a situação dos médicos, dos demais profissionais da unidade de saúde e principalmente da população”, conclui Soncini.
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