Os profissionais da saúde e os cidadãos catarinenses seguem sofrendo com a não contratação de recursos humanos para as diversas unidades públicas. Médicos estão sobrecarregados e angustiados com a falta de estrutura e de profissionais para atender a população adequadamente. Do outro lado, pacientes esperam horas por um atendimento ou ficam amontoados em corredores e quartos sem qualquer tipo de infraestrutura.
Nesta semana o Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC), que desde maio vem denunciando a necessidade de contratar mais profissionais, foi procurado novamente pelos médicos cardiologistas do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina que entregaram um dossiê em que relatam novos problemas na unidade de saúde. O documento que também foi encaminhado ao Conselho Regional de Medicina e Ministério Público traz à tona as condições precárias em que médicos trabalham e onde os pacientes são atendidos diariamente.
De acordo com os profissionais, o Instituto de Cardiologia conta com apenas um médico na maior parte dos horários para atender mais de 60 pacientes internados, além dos que chegam pelo SAMU e os atendimentos da emergência, o que coloca em risco não só a vida do paciente como o trabalho do médico.
A superlotação da unidade também é diária e muitas vezes os pacientes são acomodados sem monitores cardíacos, oxímetros e outros monitores, em número insuficiente para todos. “A falta de um monitor cardíaco em um paciente acometido por infarto agudo do miocárdio impedirá a detecção precoce de alguma arritmia grave como a taquicardia ventricular (que necessita de tratamento imediato), ou seja: sem monitor cardíaco e sem Cardiologista em todos os horários, um paciente com alguma taquicardia na unidade semi-intensiva pode ter seu destino selado apesar de todo o empenho da equipe. “ é um dos relatos do dossiê entregue ao SIMESC.
Médico compra medicamento com próprio dinheiro
Se não bastasse a falta de estrutura e de profissionais, a ausência de medicamentos básicos são recorrentes no Instituto de Cardiologia. Muitos deles são indispensáveis para o tratamento de pacientes.
Os profissionais relatam que em uma medida desesperada um médico por reconhecer a importância do medicamento utilizou recursos próprios para comprá-los, conforme comprova foto anexa no dossiê.
Maior emergência da Grande Florianópolis sem médicos
Na emergência do hospital regional Homero de Miranda Gomes, em São José a situação também é caótica. Nos últimos seis meses houve seis exonerações e dois afastamentos para tratamento de saúde, o que aumentou a carência de profissionais.
Em muitos horários há apenas um médico para atender a maior emergência da Grande Florianópolis em termos de volume de pacientes atendidos. Por considerar que não há mais como atuar com segurança nessas condições de trabalho, o grupo de médicos da emergência do hospital regional encaminhou um documento ao SIMESC, assim como a direção da unidade, Secretaria de Estado da Saúde e Conselho Regional de Medicina expondo os problemas enfrentados diariamente no local e solicitando o referenciamento do setor, ou seja, atender somente os pacientes encaminhados pelo SAMU e interromper o atendimento espontâneo na emergência.
Dando um voto de confiança ao governador que autorizou a contratação de servidores para a unidade, os médicos aumentaram ainda mais seus plantões para dar conta da escala do mês de setembro, mas temem o que poderá ocorrer nas próximas semanas.
“Desde maio estamos alertando sobre a falta de recursos humanos. O governador deu o primeiro passo em determinar uma auditoria nas unidades de saúde para saber o real déficit de profissionais e depois disso autorizou a contratação de 611 servidores para o hospital Regional Homero de Miranda Gomes, o que é louvável, mas toda decisão tardia gera conseqüências danosas e os problemas causados pela falta de pessoa persistem”, afirma o presidente do SIMESC Cyro Soncini
Hospital Infantil Joana de Gusmão permanece com mais da metade dos leitos fechados
O maior hospital Infantil de Santa Catarina também sofre com a falta de recursos humanos. O caso foi levantado pelo SIMESC em maio, mas a situação pouco melhorou.
De acordo com os médicos da unidade mais da metade dos leitos disponíveis (80 dos 160 leitos) do hospital seguem fechados por falta de funcionários. Além disso, por conta do número reduzido de profissionais na escala, em alguns períodos existe apenas um médico pediatra acarretando um tempo de espera por atendimento aproximado de quatro horas. Segundo os profissionais, a demanda é muito grande (cerca de 15 pacientes por hora). Existem poucos médicos para atender toda a emergência, qualquer intercorrência nos pacientes internados e ainda orientar os residentes.
“O governador de Santa Catarina prometeu em campanha que as ‘pessoas viriam em primeiro lugar’. Os pacientes que se dirigem aos hospitais são pessoas e precisam ser tratados como tal. Precisam ter um atendimento digno e de qualidade. A qualidade dos médicos ninguém questiona. A dignidade para pacientes está sendo esquecida”, acrescenta Soncini.
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