#

Outubro: congresso brasileiro de Queimaduras será realizado em Florianópolis

 A Sociedade Brasileira de Queimaduras vai realizar em Florianópolis, de 10 a 13 de outubro, o maior evento nacional ligado à prevenção, tratamento e reabilitação das queimaduras, trauma sofrido por cerca de um milhão de pessoas a cada ano no Brasil. Quase 200 palestrantes nacionais e do exterior já confirmaram presença no VIII Congresso Brasileiro de Queimaduras, que pela surpreendente repercussão está com 90% das inscrições preenchidas a dois meses do evento.
Além das conferências com tradução simultânea, mesas-redondas, feira de produtos e homenagem aos profissionais que vêm se destacando nesta área, o evento engloba o I Simpósio Internacional Wound Care, o Mini-Curso Internacional de Confecção de Órteses, ministrado pela Organização Internacional Physicians for Peace e voltado aos profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional, e um Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado, o CNNAQ.
O VIII Congresso Brasileiro de Queimaduras vai reunir no Hotel Majestic cerca de 500 profissionais da área da Saúde, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, nutricionistas, estudantes e residentes de medicina. O cirurgião pediátrico americano Martin Eichelberger, fundador da organização Safe Kids Worldwide - que é referência mundial em prevenção de lesões na infância - também já confirmou presença no evento motivado pela relevância do tema e pela possibilidade de se reverter a situação no Brasil, onde 2/3 das vítimas de queimaduras são crianças.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, o cirurgião plástico Dilmar Leonardi, os dados são ainda mais dramáticos do que parecem se considerarmos as seqüelas vitalícias deixadas tanto no âmbito estético quanto funcional. “Uma queimadura grave, em especial quando ocorrida na infância, dificulta a aprendizagem e a inserção laboral e, muito comumente, leva à exclusão social da vítima, exigindo esforços continuados de toda a família”, avalia. “Por isso a programação do Congresso inclui apresentações e debates sobre prevenção, primeiros socorros, tratamento, reabilitação e também a busca de alternativas para a reinserção do paciente, que é uma questão urgente a ser tratada”, defende.
Embaixadora da Unesco na abertura
A abertura do VIII Congresso Brasileiro de Queimaduras será com uma palestra da embaixadora da Unesco Kim Phuc, que ficou famosa há 40 anos por sua foto fugindo nua das chamas na Guerra do Vietnã. Na ocasião em que foi flagrada pelo fotógrafo Huynh Cong Ut, Kim Phuc, então com nove anos, teve 65% do corpo queimado e só recebeu cuidados médicos por pressão dos fotógrafos americanos que faziam a cobertura do bombardeio no vilarejo Trang Bang, a 40 quilômetros de Saigon. Posteriormente, a foto rendeu ao seu autor o Prêmio Pulitzer de jornalismo.
Kim Phuc, que é casada e tem dois filhos, tornou-se ativista dos Direitos Humanos. Chegou a cursar Medicina no Vietnã, mas se viu pressionada a largar os estudos pela constante vigilância do governo sobre suas atividades. Além das cicatrizes, que a acompanhariam para sempre, já não tinha como fugir da condição de ícone da Guerra do Vietnã. A foto, tamanha a sua dramaticidade, chegou a ter sua autenticidade questionada pelo presidente americano Richard Nixon.
Morando no Canadá, após concluir a faculdade em Cuba, Kim Phuc hoje se divide entre os quatro cantos do mundo, onde representa a Unesco e compartilha sua emocionante experiência de superação. Desta vez, além de abrir o Congresso de Queimaduras em Florianópolis, no dia 10 de outubro, a embaixadora dos direitos humanos fará uma palestra na Unisul Pedra Branca, em Palhoça, com transmissão em “real time” pela web. Voltado aos estudantes, o encontro viabilizado através de uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Queimaduras e a universidade acontece no dia 11, às 15h, no Auditório G.
Também destacam-se entre os palestrantes internacionais do Congresso Scott A. Brubaker, Diretor Chefe de Política da Associação Americana de Bancos de Tecidos; Pavel Brychta, que presidiu a Associação Europeia de Queimaduras até o ano passado; Linda Guerrero, fundadora do primeiro banco de pele da Colômbia; Ivette Icaza, da Associação Pró-Crianças Queimadas da Nicarágua; Marisa Herson, que chefiou até recentemente o Banco de Tecidos de Melbourne/Austrália; Elisabeth Greenfield, diretora da Sociedade Internacional de Queimaduras; Alberto Bolgiani, presidente da Federação Latinoamericana de Queimaduras; e Nicole Gibran, atual presidente da Sociedade Norteamericana de Queimaduras.
Mais informações: www.cbqueimaduras.com.br
Fonte: jornalista Ana Lavratti


  •