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Queimaduras: antiga doença, novo paradigma

 As queimaduras estão presentes na humanidade desde a época da Pré-história. Provavelmente esta foi a primeira experiência vivida pelo homo sapiens assim que dominou o fogo. E os recursos para amenizar a dor também datam daí. Os livros de história retratam curativos absorventes feitos com papiros pelos egípcios, assim como gregos buscando a cura em balneoterapias e nos óleos hidratantes.
Na Idade Média, a Medicina passou por um longo período de obscurantismo, sem evoluções no tratamento das queimaduras. A Idade Moderna foi marcada pela introdução da Sulfadiazina de Prata por Fox, em 1968, e pela técnica de excisão precoce do tecido queimado, preconizada por Zajencovickz na década de 80. Desde então, ao longo de 30 anos, aassistência às vítimas de queimaduras vinha utilizando os mesmos recursos, com tratamentos longos e doloridos. Já era tempo de a Medicina registrar um avanço impactante neste setor, e a resposta veio alicerçada na tecnologia.
Nas lesões de espessura parcial, conhecidas como queimaduras de 2o grau, em que a reepitelização da superfície queimada se faz a partir da proliferação de células do próprio paciente, o tratamento teve mudanças notáveis. Os curativos com agentes antissépticos e as pomadas com antibacterianos, que exigem remoção diária, e que costumam se associar a processos infecciosos de longa duração, agora podem ser substituídos por curativos biológicos e semi-biológicos impregnados com prata e antinflamatórios. Trocados a cada sete ou dez dias, eles permanecem por mais tempo sobre o leito da ferida, reduzindo desconfortos, episódios dolorosos, custos e o tempo de cicatrização.
Nas lesões de espessura total ou queimaduras de 3o grau, a remoção do tecido queimado nas primeiras 48 horas, com posterior cobertura da área queimada com tecnologias de engenharia tecidual e terapia celular, diminui dramaticamentea morbidade e a mortalidade desses pacientes. Com resultados estéticos e funcionais próximos ao da pele normal e superiores ao proporcionado pelo tratamento convencional, estes recursos representam um novo paradigma na maneira de tratar e minimizar as sequelas das queimaduras.


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