A escolha da Residência Médica nem sempre é uma tarefa fácil. Assim como na época do vestibular, nem todos conseguem ter uma visão clara do que seguir após concluir o curso. Confira algumas dicas:
1- Perfil do paciente - O perfil dos pacientes muda conforme as especialidades, enquanto pacientes da oncologia são mais resignados e tendem a aceitar com mais parcimônia as condutas e tratamentos, os pacientes de cirurgia plástica e dermatologia são mais exigentes e questionadores. No caso da pediatria, pais e mães são ansiosos no trato dos seus filhos. Pense em qual prognóstico e tipos de doença você irá trabalhar - curáveis, incuráveis, agudas, crônicas, entre outras.
2. Demanda financeira - Embora não haja dados precisos, a média da remuneração muda muito com a especialidade escolhida. Algumas estão ligadas a maior remuneração inicial, porém com menor variabilidade ao longo da carreira, como por exemplo a radiologia. Há outras com salário inicial não tão atrativo, porém com possibilidades de agregar maior valor quando se constrói um nome e conquista visibilidade no mercado, como o caso das especialidades cirúrgicas.
3. Onde morar - Não tem como fazer especialização em medicina nuclear e morar numa cidade de 20 mil habitantes. Por outro lado, um pediatra tem mais dificuldade em agregar valor ao seu nome num grande centro, podendo levar anos para conseguir estabelecer volume para atender em consultório particular. Reflita sobre a cidade que você quer morar antes de decidir a qual especialidade médica irá se dedicar.
4. O que gosta de estudar - O que você gosta de estudar não necessariamente tem a ver com sua rotina profissional. Seria algo como: “Gosto de eletrocardiograma, logo gosto de ser cardiologista?”. Não necessariamente! O fato é que gostamos de estudar o que entendemos e passamos a nos dedicar mais a essa especialidade. Mas lembre-se: embora você deva gostar de estudar sobre sua especialidade, o mais importante é você se identificar com a rotina, pois seu desejo de aprender cada vez mais e estar sintonizado com a especialidade escolhida virão naturalmente.
5. Qual a rotina da especialidade ? - O que prefiro? Flexibilidade de horários? Agendas marcadas? Ou a imprevisibilidade dos sobreavisos? Se você quer fazer medicina intensiva, tenha em mente que passará anos da sua vida em ambiente fechado em regime de plantão. Se gosta mais de ambulatório, que tal medicina esportiva, por exemplo? Centro cirúrgico é o ambiente da maioria dos anestesistas.
6. Reconhecimento profissional - Algumas especialidades são fundamentais como radiologia e patologia, porém, são carreiras que podemos chamar de “bastidores”. Todos se lembram do obstetra que fez o parto e do neurocirurgião que operou o tumor. Poucos se lembram do radiologista que fez a ultrassonografia ou do patologista que elaborou o diagnóstico. Ter reconhecimento profissional é importante para você? Em que grau?
7. Considerações sobre a maternidade e a paternidade - Qual especialidade facilita e qual especialidade dificulta em relação ao desempenho da maternidade e da paternidade? A exigência dessas duas tarefas - criar um filho e fazer Residência Médica certamente pode ser melhor conciliada em alguns programas de Residência em detrimento de outros, assim como após concluída esta fase da residência, pode influenciar na rotina de estar presente junto à família, amigos, participar de eventos, entre outros.
8. Qual o peso que a instituição tem na especialidade? - Algumas especialidades exigem grandes centros para aprendizado, como a cirurgia cardíaca. Outras garantem excelente formação em instituições menores, como o caso da clínica médica. O importante é estar atento e questionar: Que equipamentos e estrutura essa instituição precisa para oferecer uma boa Residência? A preceptoria é presente e bem conceituada? São desenvolvidas pesquisas de qualidade? Alguns colegas decidiram, por exemplo, uma especialidade menos concorrida numa instituição de primeira linha em detrimento de especialidades concorridas em instituições de qualidade duvidosa, o que deve ser considerado com critério.
9. Pós-graduação ou Residência Médica – Se a pós-graduação for nos moldes da Residência Médica (treinamento em serviço) com carga horária equivalente e reconhecida por entidade de classe para obtenção do título, é bom pensar nessa possibilidade. Há cursos de pós-graduação (aperfeiçoamentos, ou estágios) que são tão bons ou até melhores do que as residências - a depender da instituição, claro!). O alerta sempre cabe: cuidado com o caminho fácil de pós de final de semana. Há várias no mercado. Lembre-se: Não há atalhos para quem quer ser um médico de excelência.
10. Síndrome do residente eterno - Cuidado com a diferença entre a academia e o “mundo real”, a prática médica muda muito nesses dois cenários. Cuidado com a tendência de seguir o fluxo. Se todo mundo quer fazer determinada especialidade “da moda” é porque o “boom” do mercado já passou. Pense nessas variáveis, e escolha aquilo que te faz feliz, pois esse sim é o melhor caminho para o sucesso.
Fonte: Caio Nunes – academiamedica.com.br
A diretoria de Apoio ao Graduando em Medicina do SIMESC está à disposição para auxiliar e compartilhar experiências com acadêmicos. Os contatos são simesc@simesc.org.br ou (48) 3223-1030 – (48) 3223-1060. O diretor da área é o dermatologista Oscar Cardoso Dimatos.