Leopoldo Alberto Back, vice-presidente do Sindicato dos Médicos de SC
Mais uma vez chega 18 de outubro, o Dia do Médico, data instituída para lembrar uma profissão importante em qualquer país ou cultura. Médicos são pessoas para quem todos os dias, e muitas vezes noites, são dedicados a servir ao próximo, promovendo a saúde, prevenindo enfermidades, tratando e curando doenças e aliviando dores e sofrimentos. Neste mister muito frequentemente dedicam-se a tal ponto que colocam a própria vida, família, amigos e interesses próprios, em plano secundário. Interessante e comovente é que o fazem com desvelo e alegria.
A Medicina não é só profissão. É vocação, missão, entrega, desafio, algo muito especial e compensador tanto mental quanto espiritualmente. Tao especial que em pesquisas sobre confiança em profissões e classes, o médico sempre figura entre os que mais auferem credibilidade. Tão especial também que se cria a percepção de que os médicos são e devem ser infalíveis, criando uma expectativa de que acertam sempre, fazendo com que o erro ou deslize se torne intolerável, algo que evidentemente não é justo, pois são humanos e não deuses dotados de super poderes.
Algo é verificado nos últimos anos em nosso País em relação à classe médica que não agrega benefícios nem para a categoria e muito menos para a sociedade. Temos lutado intensamente contra um plano urdido pelos poderes políticos federal, estaduais e municipais que demonstram querer apequenar a Medicina e vulgarizar o médico
Tudo começou nos recentes governos federais, com planos como a amputação da Lei do Ato Medico, a criação do famigerado programa Mais Médicos, a criação desordenada e absurda de novos cursos de Medicina sem nenhuma qualificação ou necessidade, o corte de verbas para a saúde, o desmonte do SUS, o fechamento progressivo de leitos hospitalares, a política de desqualificação dos hospitais filantrópicos - levando-os a uma situação falimentar, a deliberada campanha para colocar a culpa de todos os males do sistema de saúde do Brasil nos médicos... Some-se a isto a progressiva desvalorização e precarização do trabalho médico por meio de contratos eivados de irregularidades e deficiências, terceirização, pejotizacao, e até ausência total de qualquer tipo de contrato ou garantia trabalhista. Poucas profissões passam por essa problemática trabalhista, o que nos faz pensar que faz parte de um plano idealizado para transformar o médico em mão de obra barata e enfraquecida, ao bel prazer de gestores e políticos, que tratam a saúde como demagogia e não como um dever e um direito.
O citado representa uma série de problemas e atrasos que não contribuem em nada para o progresso do nosso País e certamente, prejudica muito a população, que perde muito em qualidade de assistência.
Urge reagir contra toda este caldeirão de maldades, restabelecendo o respeito ao trabalho médico e à dignidade deste. É necessária a criação de uma carreira federal de médico para suprir as carências em locais de difícil provimento, correção da tabela do SUS, respeito de planos de saúde à autonomia e ao justo vencimento do médico, contratos de trabalho justos e adequados, preenchimento de cargos públicos por meio de concursos, severo controle da qualidade dos cursos de medicina, e várias outras medidas que garantam que a população brasileira receba a assistência de qualidade que merece.
Médicos, unam-se! Filiem-se às associações e sindicatos de classe. Sejam politizados, pois só juntos enfrentaremos os desafios e injustiças que tanto nos angustiam. Os médicos são profissionais abnegados que garantem, mesmo no caos atual da saúde, que as pessoas sejam ainda bem atendidas e tenham sua saúde recuperada. Parabéns a todos os médicos do nosso querido e sofrido País!