O Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC) e a Associação Catarinense de Terapia Intensiva (SOCATI) realizaram pesquisa com os médicos que atuam em UTIs no Estado para saber sobre o trabalho dos profissionais durante a pandemia do Coronavírus.
Medicamentos e Recursos humanos
Quase metade dos participantes (48,1%) afirmou não ter medicamentos suficientes para intubação orotraqueal ou demais procedimentos. Outro ponto preocupante constatado na pesquisa, foi sobre o número de profissionais para trabalhar nas UTIs. Embora na maior parte dos locais tenha havido contratação de médicos e demais trabalhadores da saúde, alguns participantes relatam não serem o suficiente, além de contestarem a qualidade técnica.
“A situação é complicada para quem está na linha de frente. Esta semana o SIMESC iniciou uma campanha para contratação de médicos e valorização dos mesmos - ponto importante para que se tenha profissionais capacitados em atuação. Abrir leitos sem contratar novos médicos abre a chance de os mesmos estarem mais expostos ao vírus e serem eles os responsáveis por ampliar a contaminação cruzada em outros setores”, comenta o presidente do Sindicato, Cyro Soncini.
A grande maioria respondeu que foram abertos novos leitos em suas unidades de trabalho e disponibilizados os equipamentos necessários. Apenas 3% não teve acesso a novos respiradores.
EPIs e contágio
A pesquisa mostrou que 96,3% dos médicos estão recebendo e utilizando equipamentos de proteção individual (EPIs) corretamente e que 25% testaram positivo para Covid-19.
“Mesmo tomando todos os cuidados muitos trabalhadores se contaminam e precisam ser afastados. Por isso reforçamos mais uma vez a importância de se investir na contratação de recursos humanos. Equipamentos, medicamentos e leitos por si só de nada adiantam”, alerta o diretor de Apoio ao Graduando em Medicina do SIMESC, Odi José Oleiniscki.
Apesar das dificuldades, 88,9% dos participantes consideram que as UTIs em que trabalham estão preparadas para prestar atendimento adequado e garantir a segurança das equipes de saúde.
Para a presidente da SOCATI, Renata Waltrick, a situação atual fez com que a população em geral voltasse os olhos para as unidades de terapia intensiva e os profissionais que nela trabalham. “É uma ótima oportunidade de valorizar o profissional intensivista, até então pouco conhecido, e que diariamente exerce suas atividades em unidades de alta complexidade com pacientes criticamente enfermos. Nesse contexto precisamos ter bem claro que além de equipamentos, ventiladores, medicamentos, e insumos em geral que atendam minimamente os requisitos básicos para o funcionamento de uma UTI, o investimento em recurso humano qualificado é essencial”.
A pesquisa foi realizada no período de 17 a 31 de julho. O questionário foi enviado para 150 médicos por e-mail, que atuam em hospitais administrados pelo Estado, filantrópicos, federais e privados e teve quase 20% de participação.
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