Em matéria publicada pelo jornalista Felipe Bottamedi, no site ND+, o presidente do SIMESC, Cyro Soncini, reivindica maior fiscalização das autoridades sobre as medidas de combate ao Coronavírus para frear o aumento da transmissibilidade.
Leia abaixo a matéria na íntegra:
UTIs cheias e pouca fiscalização agravam pandemia em SC
Estado registra pico de contágio e maior ocupação de leitos no país, enquanto normas permanecem no papel e não são fiscalizadas.
Nesta semana, Santa Catarina liderou rankings negativos em relação à pandemia de Covid-19. Em levantamento realizado na quarta-feira (2) pelo jornal Metrópoles, Santa Catarina era o Estado com a maior taxa de ocupação de leitos para Covid-19 no país.
No dia anterior, a AHESC (Associações dos Hospitais de Santa Catarina) anunciou que os hospitais Privados e Filantrópicos estão operando em sua capacidade máxima.
A ocupação maior dos leitos se deve ao aumento da transmissibilidade (o contágio), que está em nível gravíssimo em quase todo o Estado. E o aumento do contágio é causado pela falta de fiscalização dos municípios sobre as medidas de enfrentamento à pandemia, diz Cyro Soncini, presidente do SIMESC (Sindicato dos Médicos do Estado Santa Catarina).
Nesta sexta-feira (4), a taxa de ocupação dos leitos para todos os pacientes da rede pública de Santa Catarina era de 86,7%. Mas o número sobe para 90,6%, se considerados apenas leitos de Covid-19. Dos 1.261 leitos ocupados, 620 são pacientes com Covid-19, e 641 com outras doenças.
Cerca de 187 leitos estavam disponíveis, sendo apenas 66 para Covid-19, nesta sexta.
A situação se assemelha ao mês de julho, quando a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em Santa Catarina chegou aos mesmos níveis. O principal diferencial é que agora a taxa de transmissibilidade é maior do que na época, ameaçando um agravamento do quadro, afirma Cyro.
Desde julho, houve queda na ocupação, o que levou à desativação gradual de leitos de UTI que haviam sido abertos exclusivamente para o cenário da pandemia. O que ocorre agora é a necessidade de reabertura desses leitos, demandada por diferentes municípios.
Agravamento em novembro
De acordo com a análise de Soncini, o cenário de agravamento que enfrentamos agora começou a se desenhar entre o final de outubro e início de novembro. O comparativo entre a ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por pacientes com Covid-19 e pacientes com outras doenças expressa o avanço do vírus.
“Em meados de outubro chegamos a ter 180 pacientes internados em UTI com Covid-19, e 600 pacientes com outras doenças” afirma Soncini. Nesta quarta-feira (2) os dois números se equivaliam. “Era 600 e 600”.
A situação levou o Governo Estadual a adotar uma série de medidas que devem ser formalizadas em decreto ainda nesta sexta-feira (4). Como o toque de recolher e a intensificação da fiscalização – medidas que ainda não foram detalhadas.
Fiscalização insuficiente
Para Soncini, o principal problema tem sido a baixa fiscalização. Ele não defende o enrijecimento das medidas ou o fechamento de atividades econômicas, mas sim que as regras que já foram regulamentadas de fato sejam cumpridas e não fiquem só no papel.
“Os ônibus foram liberados para operar com 70% de ocupação, mas com exigência da máscara. Tem alguém nas linhas fiscalizando se todos estão com máscara? Se ninguém retira após entrar no ônibus?” cita o presidente, a título de exemplo.
“Tem gente indo normalmente na praia, sem seguir protocolos. Tem que haver fiscalização para que não ocorra”.
É essa carência de fiscalização por parte de entidades municipais e estaduais que impede uma análise mais precisa sobre a eficácia das medidas regulamentadas. “A principal questão é que as regras não estão sendo cumpridas. Vemos pessoas sem máscara e aglomerações. Se fossem todas cumpridas, estaríamos nessa situação?”.