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Em maio, sindicato divulgou nota questionando ações para ampliação de leitos neonatais
O Sindicato dos Médicos do Estado (Simesc) alertou, em maio, sobre a falta de vagas de UTI para crianças em Santa Catarina, menos de um mês antes de uma bebê de dois meses morrer no Hospital Joana de Gusmão, em Florianópolis. Em texto, eles questionavam: "Precisamos aguardar que algo mais grave aconteça?”.
Segundo o painel da Secretaria de Estado da Saúde (SES), atualizado nesta quarta-feira (15), a taxa de ocupação de UTIs pediátricas no Estado é de 93,94%. Em relação aos leitos neonatal, 96,59% das 176 vagas estão ocupadas.
Nove crianças aguardam transferência para leitos de UTI, conforme a pasta. Cinco pacientes adultos também estão na fila.
“O risco de falta de atendimento adequado aos pequenos pacientes está cada vez mais alto. A Secretaria da Saúde e outras autoridades constituídas sabem dos problemas, mas até agora não encontraram a solução”, disse o Simesc em 23 de maio.
A morte da bebê ocorreu no sábado (11) no Hospital Joana de Gusmão, em Florianópolis. Segundo a mãe, Samara Ester dos Santos, a criança foi diagnosticada com bronquiolite e aguardou vaga em UTI por dois dias. Em nota, a SES descartou que o óbito tenha relação com a falta de leitos e garantiu que a criança recebeu "plena assistência das equipes altamente capacitadas".
Médico detalha situação
Um dos diretores do Simesc, o pediatra Kempes Spencer, avalia que a falta de leitos pediátricos e neonatais acontece por um conjunto de fatores, como falta de condições de trabalho adequadas.
Ele destaca, por exemplo, que é preciso reabrir a emergência pediátrica do Hospital Regional de São José, que está fechada desde fevereiro de 2021, que serviria de retaguarda para os atendimentos no Hospital Joana de Gusmão.
"Lá [no Regional] nós chegamos a fazer 5 mil atendimentos por mês. Imagina todos esses atendimentos agora tem que ir para o Hospital Infantil. A emergência do Joana de Gusmão é uma zona de guerra. Temos muita gente esperando por atendimento", afirma.
De acordo com Kempes, o governo prometeu que o fechamento da emergência seria algo temporário, mas a unidade segue sem atendimento às crianças. Ele destaca ainda que a região da Grande Florianópolis carece de pediatras para o atendimento nas unidades de saúde.
"Nós estamos com muito atendimento pediátrico, tanto pela sazonalidade das doenças respiratórias e a gente não tem mais onde colocar essas crianças nem para o pronto atendimento, nem para a internação", diz.
Questionada, a SES informou que trabalha para reabrir a emergência pediátrica do Regional no segundo semestre deste ano. Para isso, no entanto, é preciso transferir a UTI localizada na emergência.
"Atualmente, as crianças são atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São José, que fica a menos de 2 quilômetros do hospital. Além disso, desde 25 de março, o Hospital Florianópolis retomou o serviço de emergência pediátrica auxiliando no atendimento da região continental de Florianópolis", disse a SES em nota.
O Simesc articulou junto a parlamentares a discussão do tema na Assembleia Legislativa. Uma audiência pública foi marcada para o dia 21 de junho para debater a falta de leitos de UTIs pediátricas.