Dirigentes médicos reuniram-se na noite de terça-feira (10/03), na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM-SC) para a reunião mensal do Conselho Superior das Entidades Médicas (COSEMESC). Entre os pontos de pauta: dificuldade na escala dos neonatologistas do hospital Regional de São José Doutor Homero de Miranda Gomes, reajuste na bolsa da residência médica, remuneração dos médicos da SES e ampliação das vagas externas no curso de medicina da Unisul Pedra Branca.
Os neonatologistas relataram que há 10 anos enfrentam dificuldades para atuação no hospital Regional de São José, mas que agora a situação está insustentável. Segundo eles, a contratação por processo seletivo, com baixa remuneração e sem vínculo estável, tem desestimulado os médicos a integrarem o corpo clínico e as escalas estão incompletas.
“A origem do problema está em deixar de realizar concurso público, tendo em vista que o processo seletivo não fixa médicos e prejudica os atendimentos. Quiseram economizar e por isso estamos nessa situação”, comentou o presidente da Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina (Acamesc),Jorge Saab Neto.
O coordenador do COSEMESC e presidente do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (SIMESC), Cyro Soncini, sugeriu que o Conselho solicite uma audiência com o secretário de Estado da Saúde. “Vamos apresentar o problema e buscar juntos uma solução para o fato que inclui cobrar a imediata realização de concurso público”.
O coordenador do curso de medicina da Unisul Pedra Branca, Rodrigo Dias Nunes, esteve presente na reunião para esclarecer sobre a ampliação do número de vagas no curso de medicina da Universidade.
O médico explicou que a partir da parceria com o Grupo Empresarial de Capital Aberto Ânima algumas medidas precisaram ser tomadas para incorporar novas receitas, tendo em vista as dificuldades financeiras por qual a Unisul se encontrava, e que a abertura das vagas remanescentes foi uma delas. Ele enfatizou que as vagas já estavam autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC) e que o critério de seleção foi rigoroso.
“Dos inscritos apenas 10% foram chamados e não houve equivalência por fase e sim alocação conforme desempenho na prova”.
O coordenador também comentou sobre as melhorias no curso que incluem contratação de mais professores, investimento em laboratórios, equipamentos e parcerias com hospitais para a prática dos estudantes. “Ainda será construída outra Policlínica para dobrar o número de atendimentos que é realizado atualmente em Palhoça”, contou Rodrigo.
“O CFM costuma ser cobrado sobre o aumento de número de vagas nas escolas médicas, mas o processo vai muito além da nossa interferência. Nós das entidades médicas devemos estar atentos a qualidade dos cursos e é isso que estamos fazendo”, acrescentou o presidente do CRM-SC, Marcelo Linhares ao sugerir que a Unisul participe do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES), que avalia o desempenho dos cursos de medicina em instituições de educação privadas.
O Diretor Cientifico da Associação Catarinense dos Médicos Residentes (ACMR), Artur de São Thiago Gomes, relatou sobre a luta dos residentes para aumento da bolsa. Com o aumento do desconto previdenciário de 11 para 14%, os residentes passarão a receber em março R$ 2.864,17, valor que terá que custear todas as necessidades básicas.
Segundo Artur, o Ministério da Saúde apresentou uma proposta de reajuste de 20% com escalonamento até 50%, mas é necessária a aprovação do MEC que ainda não se manifestou.
“Estamos nos articulando politicamente e caso não haja avanços essa semana dos dias 18 a 20 de março faremos uma paralisação nacional”, informou.
O COSEMESC seguirá acompanhando a situação e apoiando os residentes.
A próxima reunião será realizada no dia 14 de abril, no SIMESC.
No dia seguinte a reunião, o COSEMESC solicitou audiência com o Secretário de Estado da Saúde. Veja o ofício AQUI