Médicos que trabalham no SAMU responderam entre os dias 7 e 28 de março pesquisa elaborada pelo Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (SIMESC) para avaliar as condições de trabalho no Serviço. As respostas revelam uma melhoria significativa quando comparadas com uma pesquisa semelhante aplicada pelo Sindicato dois anos antes, mas mesmo assim apresenta pontos que ainda precisam ser superados como condições de trafegabilidade das ambulâncias, estruturas das bases, sobrecarga de trabalho, entre outros.
Remuneração
Enquanto há dois anos 79,9% dos participantes responderam estarem com a remuneração sendo paga em dia, na pesquisa mais recente a resposta foi de 100%. Além disso, as queixas sobre atraso de 13º salário e não concessão de férias, que eram muitas em 2020, não foram relatadas na nova abordagem.
Desta vez, a insatisfação de alguns médicos é referente ao pagamento de apenas 11 horas, das 12 horas trabalhadas, tendo em vista que a empresa desconta o almoço.
O presidente do SIMESC, Cyro Soncini, lembra que em 2020 o SAMU era gerido pela OZZ, empresa de difícil diálogo, e que agora gerenciada pela Fundação de Apoio ao HEMOSC/CEPON (FAHECE) o cenário é mais positivo para os médicos. Segundo ele, conforme Acordo Coletivo de Trabalho firmado com a FAHECE, haverá negociação em relação ao reajuste salarial do mês de abril. “Certamente as considerações dos médicos nesta pesquisa serão apresentadas para que possamos avançar na representação dos médicos. A assinatura do acordo por si só foi uma conquista, mas há o que melhorar”.
Ambulâncias
Questionados se as ambulâncias têm equipamentos necessários para atendimento, 69,2% dos médicos responderam que sim e 28,2% em parte. Os profissionais relatam equipamentos muito antigos, especialmente monitores, e falta de outros equipamentos importantes como compressor torácico automático externo, capnógrafo, vídeo laringoscópio, entre outros. Na pesquisa em 2020, 58,2% afirmaram que as ambulâncias tinham a estrutura necessária.
Quanto aos medicamentos disponibilizados na ambulância, 97,4% disseram ser adequados e apenas para 51,3% disse que a quantidade de ambulância não é o suficiente. Segundo os relatos, o número muito grande de transferências interhospitalares tem interferido no atendimento primário.
As condições de trafegabilidade das ambulâncias é outro ponto que precisa ser tratado com atenção. Para 46,2% dos médicos os veículos estão adequados e para 41%, em parte. Problemas mecânicos frequentes, foram as queixas mais relatadas.
A desinfecção e a limpeza das ambulâncias estão boas para 82,1% dos participantes, mas para 17,9% poderiam melhorar sendo realizadas durante todo o Serviço e não apenas no período diurno.
EPIs
Quase 90% dos médicos relataram receber o Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo. Na pesquisa anterior, essa era a realidade de apenas 50% dos médicos.
“O equipamento de proteção de qualidade é o mínimo que o profissional deve ter e ficamos felizes que esta condição tenha melhorado de 2020 para cá. Mesmo assim alguns colegas relataram necessidade de capa de chuva e equipamentos com mais qualidade, o que iremos questionar com a empresa gestora ”, declara o secretário geral, Leopoldo Alberto Back.
Bases
As condições das bases permanecem sendo um ponto de insatisfação dos médicos. A maioria (51,3%) respondeu que as bases não oferecem condições adequadas. Em 2020 esta era a realidade de 70,4%.
Ausência de local para alimentação, poltronas de descanso e camas não ergonômicas, falta de ar condicionado, móveis quebrados, ambientes improvisados e goteiras, são alguns dos problemas enfrentados pelos médicos.
“Um local adequado para descanso, alimentação e trabalho é o mínimo que precisa ser oferecido ao trabalhador”, ressalta Leopoldo.
Físico e emocional
Quando questionados sobre as condições físicas e emocionais, muitos responderam estarem bem, e outros relataram sobrecarga de trabalho e cansaço.
“Percebemos que a angústia dos colegas em 2020 era maior, talvez porque além das condições trabalhistas e salariais estávamos também enfrentando uma pandemia, mas mesmo assim o assunto segue exigindo atenção”, afirma Cyro Soncini.
Recursos Humanos
Para 79,9% dos participantes o número de médicos é o suficiente para o atendimento da população, enquanto em 2020 era a percepção de 65,1%.Sobre a quantidade de demais profissionais como enfermeiros e técnicos de enfermagem, 84,6% consideram o suficiente, enquanto na pesquisa passada eram 65,5%.
“Apesar de observamos que as contratações melhoraram, em alguns locais ainda há queixas de falta de médicos para trocas, cobertura de férias e reguladores que precisam ser avaliadas individualmente”, acrescenta o presidente do Sindicato.
Educação Continuada
Enquanto na primeira pesquisa aplicada apenas 7% dos médicos informaram haver investimento em educação continuada, na mais recente foi a afirmação de 48,7% dos participantes. Outros 46,2% responderam em parte e apresentaram sugestões como aulas gravadas, agendamento das aulas com mais antecedência, e disponibilização de Curso de Atendimento Pré-hospitalar com capacitação prática.
Avaliação
“A pesquisa mostrou que os médicos tiveram melhorias no SAMU, mas que muito ainda pode ser feito. Agradecemos aos colegas que responderam e nos deram mais subsídios para seguirmos buscando as justas reivindicações da categoria”, conclui Cyro Soncini.
A pesquisa foi enviada para os médicos?de todas as regiões do SAMU: Extremo Oeste, Grande Florianópolis, Sul, Norte-Nordeste, Vale do Itajaí, Foz do Itajaí, Meio Oeste e Planalto Serrano. A participação foi de 39 médicos.
Confira a pesquisa SAMU 2023 AQUI.
Confira a pesquisa SAMU 2020 AQUI.