No Dia Mundial de Combate ao Câncer, o médico oncologista e diretor de Apoio ao Médico Pós-Graduando do SIMESC Regional Blumenau, Cristiano de Assis Pereira Hansen, assina artigo para o jornal Notícias do Dia sobre o tema.
Leia a íntegra:
Dia Mundial de Combate ao Câncer
A primeira menção ao câncer ocorreu há mais de 3700 anos, conforme descrição de um papiro egípcio descoberto no século XIX. A origem da palavra está no grego καρκ?νος (em latim, karkinos) e significa caranguejo. Já percebiam na antiguidade que os tumores malignos se infiltram nos tecidos como as garras de um caranguejo.
Embora haja sempre uma influência genética no desenvolvimento do câncer, a maioria dos casos (até 90%) é atribuída a fatores externos, como hábitos e estilo de vida, e uma minoria tem base hereditária.
Nesse sentido, causa preocupação saber que
no Brasil ainda há cerca de 10% de fumantes, conforme dados do Ministério da Saúde (Vigitel, 2023), que monitora hábitos em 26 capitais e no Distrito Federal. Apenas 40% da população pratica atividade física regularmente e apenas um quinto consome a quantidade recomendada de frutas e vegetais. Como resultado, mais de 60% sofrem de sobrepeso e um quarto é obeso.
Talvez em nenhuma outra doença como o câncer se aplique tão bem o modelo dos determinantes sociais de saúde, avaliado em uma perspectiva histórico-cultural. Para ilustrar, o câncer de pulmão, antes raro, afetava principalmente mineiros europeus expostos ao radônio, conhecido como "mal das montanhas". A urbanização e a disseminação do tabagismo impulsionaram uma indústria que agora fatura mais de 700 bilhões de dólares anualmente e tornou o câncer de pulmão a principal causa de morte por câncer no mundo.
É essencial ao discutir o câncer, reconhecer seu impacto nas famílias e na sociedade. Indivíduos devem assumir responsabilidade por suas escolhas de saúde e promover mudanças sociais para criar ambientes mais saudáveis.
Além de enfrentar hábitos nocivos, é crucial discutir o papel dos agrotóxicos na formação de tumores malignos. Santa Catarina, com sua estrutura agrária de pequenas propriedades, poderia liderar na produção de alimentos orgânicos, livres de pesticidas, tornando-se um exemplo global.
Entendo que o Dia Mundial de Combate ao Câncer, realizado neste 8 de abril, deveria ser transformado em Dia Mundial de Promoção à Saúde, visando o bem-estar físico, psicológico e social, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde. Isso requer um avanço na consciência coletiva, priorizando o bem-estar comum, com menos egoísmo e sem demagogias.