A saúde pública em Balneário Camboriú está à beira do caos. Esta semana chegaram à nossa redação denúncias de um empregado do Posto de Saúde Central, que prefere se manter no anonimato. Ele revelou detalhes da má administração atual do posto, que está trabalhando em condições precárias. Toalhas higiênicas sobre as macas não são usadas nas consultas, ou seja, o mesmo lençol é usado muitas vezes por quinze pacientes, o que implica em sérios riscos de contaminação. Falta material higienizador nos banheiros, e um ponto muito ressaltado foi o atraso da equipe, que muitas vezes inicia o trabalho com uma hora de atraso.
A aposentada M. F., de 60 anos, aguarda há um ano por um exame de eletrocardiograma. Ela disse que o pedido do exame foi realizado no posto de saúde do Bairros das Nações e está havendo descaso por parte dos responsáveis. "Eles sabem que eu sofro do coração, esse eletro é indispensável para a minha vida, porém parece não haver respeito pelo cidadão", enfatizou a paciente. A balconista C.R., de 33 anos, precisou fazer um exame de laparoscopia no mês de dezembro. De acordo com o atendimento do posto de saúde, este exame seria realizado somente quatro meses após a consulta. "Eu não tinha condições de esperar tantos meses, pois estava muito doente e não poderia suportar. Tive que fazer o exame particular", revelou a balconista.
Os casos de denúncias contra o serviço público de saúde parecem não ter fim. Recentemente um médico neuropediatra foi afastado de seu cargo público em Balneário Camboriú sob a acusação de prescrever a mesma receita médica para mais de 100 crianças. Uma sindicância foi aberta e as crianças passam por uma nova consulta para avaliar as prescrições. A comerciante R. F., de 30 anos, foi orientada a comparecer ao posto de saúde com seu filho M. R. F., de 9 anos. "Eu estive lá no posto e soube do ocorrido, porém, no caso do meu filho foi receitado o mesmo remédio, não houve mudanças", garantiu a comerciante.
Na semana passada a Justiça de Blumenau abriu uma sindicância para apurar denúncias de não cumprimento de horário dos médicos peritos do INSS. Segundo a Procuradoria da República, 16 médicos serão investigados para descobrir quais estavam descumprindo o horário previsto para o trabalho. Caso a denúncia seja comprovada, o funcionário vai ser afastado do cargo e poderá responder processo por falsidade ideológica. O procurador Ricardo Kling Donini propôs mudanças na gerência do INSS da cidade.
Posto de saúde sem médicos
O posto de saúde da rua Síria, no Bairro das Nações, está funcionando sem médicos. A Prefeitura de Balneário Camboriú está ciente do fato e anunciou que a falta vai ser suprida com a contratação de oito médicos que foram aprovados no último concurso público realizado na cidade. Segundo alguns moradores, o PS está apenas realizando serviços de enfermagem e vacinação. O posto de saúde da rua México continua operando normalmente.
Fonte: Tribuna Catarinense - 03-05-2008