Nos meses de inverno, com as baixas temperaturas e a permanência por mais tempo em ambientes fechados, é mais freqüente a incidência da infecção cruzada entre pessoas, bem como as amigdalites, as otites e as sinusites. O incômodo que essas doenças produzem nas crianças leva muitos pais a recorrerem a medicações sintomáticas inadequadas, que podem retardar a cura ou produzir efeitos inversos ao que se pretende.
Em alguns casos é feito o uso de antibiótico sem orientação médica, com sérios riscos à criança. O uso inadequado desses medicamentos pode mascarar sintomas e retardar o diagnóstico correto e o início do tratamento. A intervenção medicamentosa deve ser feita por um médico e caberá a ele definir quando é necessário ou não utilizar antibióticos.
Segundo indicação médica, somente cerca de 15% das amigdalites com pus exigem o uso de antibióticos. São as amigdalites esteptocócicas do grupo A, que podem levar à febre reumática se não forem adequadamente tratadas com a utilização correta de antibióticos.
Nos demais 85% dos casos, as amigdalites geralmente são de origem viral e não há necessidade de antibióticos. Em todas as situações, o diagnóstico feito por um leigo pode ser perigoso. Por isso, sempre é importante procurar um serviço médico, onde se determinará a origem daquela doença. Muitas crianças tomam antibióticos sem precisar, muitos precisam e não tomam e muitos, ainda, tomam de forma errada, por um período inferior ao recomendado ou na dosagem incorreta.
O uso dos antibióticos só deve acontecer com indicação médica
Da mesma forma, as otites também levam muitos pais a apelarem para o uso de medicamentos sem orientação médica. Cerca de 80% dos casos podem ser curados sem necessidade de antibióticos. O uso do antibiótico é bem estabelecido e deve levar em conta a idade da criança e a intensidade da otite. Segundo os médicos pediátricos, todas as crianças com até seis meses de idade devem receber antibiótico com otite confirmada ou mesmo suspeita.
Em crianças de seis meses a 2 anos, o antibiótico é indicado somente quando forem casos graves, com muita dor e febre superior a 39 graus. Acima dos dois anos de idade aconselha-se esperar de 48 a 72 horas e reexaminar a criança para verificar se há melhora ou não antes de utilizar antibiótico.
Nos casos de sinusite, além do risco da auto-medicação, existe a crença equivocada de que o diagnóstico deve ser feito por Raio-X. O diagnóstico é clínico. Os pais devem suspeitar de sinusite quando a criança tiver um resfriado com muita tosse, coriza e, às vezes, mau hálito por um tempo maior do que quatro dias (com febre) ou do que dez dias (sem febre).
O uso de Raio-X não é inócuo, pois a radiação pode ser prejudicial ao organismo. E na fase aguda da sinusite o Raio-X é inútil como forma de auxílio
Fonte: Correio Lageano - 27-06-2008