A Secretaria de Estado da Saúde formou uma comissão para investigar a causa da contaminação por HIV de uma menina de três anos, filha de pais saudáveis. A contaminação foi diagnosticada pelos médicos depois que a menina começou a apresentar sintomas de baixa no sistema imunológico e uma doença comum a portadores do HIV.
A apuração começa com a juntada de documentos e exames da família e segue em órgãos de saúde pública de Balneário Camboriú, onde a criança foi atendida desde que nasceu. Um grupo de enfermeiros da Vigilância Epidemiológica e do Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria vai trabalhar no processo.
De acordo com a gerente de Saúde da Secretaria do Desenvolvimento Regional de Itajaí, Ana Luíza Totti, a equipe que atua em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde pretende levantar situações que podem ter ocorrido fora de unidades de saúde, como um possível contato acidental da criança com outro portador de HIV.
- Pretendemos concluir o trabalho em poucas semanas e, o mais importante, oferecer também o acompanhamento psicológico que a criança e a família necessitam - explica.
Ao todo, nove pessoas da família da menina passaram por exames de HIV desde o ano passado. Todos deram negativo. O pai e a mãe repetiram o procedimento três vezes. A criança passou também por um exame em que o IML descartou violência sexual. Na creche onde ficava a partir dos cinco meses de idade, a mãe conseguiu uma declaração de que a criança nunca tomou medicamentos ou leite materno de outra mãe no local.
Casos são difíceis de se decifrar, diz especialista
Nos últimos 15 anos, o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa), de Florianópolis, e a infectologista pediátrica Suzana Lyra, que atua na rede pública de Saúde de Itajaí e Balneário Camboriú, tiveram contato com sete casos semelhantes ao da menina de Balneário Camboriú. Em todas as situações, as crianças contraíram o vírus sem os pais e familiares serem portadores. De acordo com Suzana, cinco casos, incluindo o da menina, foram registrados em Balneário Camboriú e Itajaí.
- Os outros pais não foram adiante com as buscas, pois é realmente muito difícil descobrir a origem da contaminação - explica a especialista.
Ela afirma que são casos raros e que, mesmo se houver um paciente suspeito de ter transmitido o HIV, ainda corre-se o risco de o vírus ter sofrido mutação no corpo da criança. Isso impossibilitaria a prova de como ela foi contaminada. No entanto, a especialista diz que, se o vírus não sofreu modificações, o mapeamento genético pode apontar a causa da infecção.
Fonte: Jornal de SC - 16-07-2008