10-08-2003 - O Brasil não precisa de mais escolas médicas

O combate à abertura indiscriminada de cursos de medicina é uma das principais bandeiras de luta das entidades médicas em níveis nacional, estadual e regional. As razões para essa preocupação não são poucas. A começar pela recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), de um médico para cada mil habitantes. O Brasil já ultrapassa esse número, pois possui 283 mil profissionais em atividade, o que o torna o sétimo contingente do mundo. O grande problema é que os profissionais encontram-se mal distribuídos. Nas capitais e grandes cidades existem médicos em excesso, enquanto nos pequenos municípios e regiões mais distantes há carência.
Do ano de 1996 até 2000 foram aprovadas 14 escolas médicas. Em 2001 e 2002 – período bem inferior ao anterior – foram criados mais 12 cursos de Medicina. Somente nos primeiros seis meses deste ano o MEC autorizou a abertura de mais seis novos cursos. São mais de 100 cursos de Medicina em todo o país, que formam cerca de dez mil médicos por ano. Segundo a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) a oferta de vagas em programas de residência atende apenas 75% a 80% dos graduados.
No entanto, o que mais preocupa as entidades médicas, sejam nacionais ou estaduais, entre elas o Sindicato dos médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC), é que a existência de cursos sem a qualidade necessária de ensino está contribuindo para o aumento de infrações éticas e erros, devido a má formação do médico. Elas defendem que o Brasil não precisa de mais cursos de Medicina e sim maior investimento na área da Saúde por parte das autoridades competentes, propiciando condições necessárias para estimular a migração e a fixação de médicos nas regiões com maior carência de profissionais.

Fonte: 10-08-2003

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