19-02-2008 - Entidades irão à Justiça para impedir criação de mais cursos de Medicina

A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Associação Médica do Paraná (AMP) vão entrar com medidas jurídicas para impedir a criação de novos cursos de Medicina que não atendam aos critérios mínimos de qualidade considerados.
De acordo com os presidentes das entidades, respectivamente, José Luiz Gomes do Amaral e José Fernando Macedo, esta é uma iniciativa para garantir a qualidade do ensino médico no Estado do Paraná e em todo o País. "Para que seja considerada qualificada, uma faculdade precisa ter um hospital próprio, oferta de vagas de residência médica, unidades ambulatorial e de emergência, centros cirúrgico e obstétrico e profissionais comprovadamente experientes na Medicina, para que possam formar médicos altamente capacitados", afirmou Amaral, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (dia 19/2), na sede da Associação Médica do Paraná, em Curitiba.
"Não se trata de sermos contra a criação de novos cursos, mas de estarmos preocupados com a qualidade dos que existem e daqueles que solicitam implantação. Queremos que a população entenda que estamos preocupados com os médicos que farão o atendimento aos pacientes", completou Macedo.
Na avaliação das entidades, não existe necessidade social de mais cursos de Medicina no Paraná ou no Brasil. "Atualmente, o País conta com mais de 320 mil médicos, número por habitante próximo ao registrado nos países desenvolvidos e muito acima das possibilidades do Sistema de Saúde brasileiro absorvê-los", avaliou Amaral.
Para ele, a abertura de escolas de Medicina é hoje uma "ação oportunista em uma república permissiva". A afirmação veio logo após um paralelo da época do início da criação das faculdades de Medicina no País, há 200 anos. "Naquela época, o intervalo entre a abertura da primeira escola e a segunda foi de dez meses, encerrando-se, em seguida, o processo. Na última década, foram abertas sete por ano. Precisamos vencer essa febre de negócios e mercantilismo que se tornou a abertura de escolas médicas", disse.
Para o presidente da AMP, José Fernando Macedo, a maior necessidade é por garantia de qualidade das faculdades existentes e maior oferta de vagas de residência médica, para que os médicos possam sentir-se devidamente qualificados para atender, inclusive no interior dos estados. "Apenas 40% dos que se formam conseguem vagas em residência médica, que é a especialização do profissional. Se o médico não consegue fazer residência, não se sentirá capacitado a sair dos grandes centros", avalia.
Em dezembro do ano passado, a Associação Médica do Paraná foi atendida pelo Ministério da Educação, que concordou com as entidade, no sentido de não haver necessidade social para novos cursos. Na mesma ocasião, o pedido de abertura de cinco novas faculdades de Medicina no Paraná foi negado.
Com relação ao curso autorizado recentemente pelo Ministério da Educação para a Faculdade Assis Gurgacz, em Cascavel, os presidentes da AMB e da AMP afirmaram que vão consultar os departamentos jurídicos para tentar impedir a realização do vestibular, até que o curso seja comprovadamente validado segundo os critérios médicos.
Já as faculdades que estão em funcionamento devem passar por uma avaliação. "Existe um projeto para que os cursos existentes sejam reavaliados, para garantir que todos cumpram os critérios mínimos exigidos para a qualificação profissional", informou Macedo. E concluiu: "Aos que querem abrir uma nova faculdade de Medicina, deixo um recado – pensem antes em abrir vagas de residência médica".

Fonte: Assessoria de Imprensa da AMP - 19-02-2008 
 


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