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Blumenau - Onde o SUS se tornou um exemplo mundial

No Brasil, na verdade, há dois países em um só: um que anda para o lado, desigual, corrupto, moroso e ineficiente; e outro que caminha para frente a passos largos, resolvendo problemas históricos e transformando-se em referência mundial, com desenvolvimento de tecnologias de ponta.
Na última reportagem da série, abordamos os transplantes feitos através do Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil só perde para os Estados Unidos entre os países que mais fazem este tipo de procedimento. Em Santa Catarina, Blumenau é o único município que realiza, no Hospital Santa Isabel, transplantes de coração e fígado. Ano passado, a instituição fez 136 transplantes: 60 de rins, dois decoração e 74 de fígado.
Desde 1980, quando o hospital fez o primeiro procedimento, ocorreram 500 operações, das quais 15 foram implantes de coração e 179 de fígado, consideradas as mais complexas. Os transplantes de rins, feitos em parceria com a clínica Renal Vida, também pelo SUS, chegaram a 389 desde 1980.
De acordo com a assistente social da equipe do HSI, Maria Aparecida Kratz Leite, todos os procedimentos são feitos pelo SUS e não há nenhum tipo de custo para o transplantado.
O nível de excelência dos transplantes em Blumenau chegou a tal ponto que pacientes vêm de cidades como São Paulo, Natal (RN), Rio de Janeiro e Goiânia (GO). Carregando um rim transplantado há 10 anos, o aposentado Paulo Amorim hoje ajuda pacientes na mesma situação através da Associação de Doentes Renais e Transplantados de Blumenau e Região.
- O sistema de transplantes evoluiu muito nos últimos anos, e hoje não deixa nada a desejar - constata.

O caminho até a excelência
O início
Os transplantes no Brasil começam na década de 60, com iniciativas isoladas de equipes médicas. Em 1964, é realizado o primeiro do país, no Rio de Janeiro, na área renal
Em 1980, o Hospital Santa Isabel, de Blumenau, realizou o primeiro transplante do município, implantando um rim entregue por um doador em um doente renal
A mobilização
Em 1986, surge a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos(ABTO), entidade fundada por médicos, que começa a batalhar pela regularização dos transplantes.
Em junho de 1997, a legislação é regulamentada e são criadas estruturas, como o Sistema Nacional de Transplantes e as atribuições das coordenações estaduais, com sistema de lista única
Em 1998, uma medida provisória anula o consentimento provisório. A responsabilidade passa a ser da família
Os recursos
O incentivo, por meio de uma remuneração adequada, foi reforçado a partir de 1998. A tabela passou a pagar inclusive pela busca ativa de doador de órgãos para transplantes, assim como pelo acompanhamento pós-transplantes. Em janeiro de 2001, a tabela foi revisada, com aumento de até 75%em alguns procedimentos
Em 2000 foi a vez do primeiro transplante de coração realizado pelo Santa Isabel. Naquele ano, foram quatro procedimentos semelhantes, o maior número de transplantes cardíacos realizados num só ano até então
Visibilidade
Em janeiro de 1999, é realizado o primeiro Jogo pela Vida, com apoio da RBS. A partida reúne transplantados e médicos da Santa Casa, em Porto Alegre, para sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgão
Em 2001, é lançada, em parceria com a Rede Globo, campanha de cadastramento de voluntários de medula óssea
Em 2003, os transplantes viram tema da escola de samba Mocidade de Padre Miguel
Em 2007, o HSI chegou à marca de 500 transplantes, entre rins, coração, fígado, córneas e pâncreas
Fontes: médicos Valter Garcia, José Camargo, Ivo Nesralla, Roberto Schlindwein e assessoria de imprensa do Hospital Santa Isabel, de Blumenau

Fonte: Diário Catarinense - 17-01-2008


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