17-03-2008 - Sem Hemosc, Blumenau não pode doar medula

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê que aproximadamente 10 mil pessoas no Brasil desenvolvam algum tipo de leucemia este ano. Em 2007, em Santa Catarina foram diagnosticados 671 casos, 100 deles em Blumenau. Enquanto os números avançam e mais de mil portadores de doenças hematológicas no País procuram por doador de medula compatível, Blumenau fica para trás na luta contra a doença. A cidade, terceira maior do Estado, aguarda há mais de dois anos a conclusão da unidade do Hemosc (Centro de Hematologia e Hemoterapia), que ficará responsável pela coleta e cadastramento de doadores na cidade. Atualmente, quem quer ser doador precisa recorrer a unidades do hemosc de Joinville ou Florianópolis e a dificuldade tem feito muitos desistirem.
Este foi o problema enfrentado pela estudante Kelly Karinne Tarnowski, que pretendia se cadastrar como doadora de medula, mas esbarrou na dificuldade de Blumenau não contar com um posto de coleta. “Quero doar, mas preciso ir até Florianópolis para colher o sangue, isso dificulta muito”, reclama.
Na opinião dela, além de mais postos de coletas com informações sobre o procedimento, é preciso campanhas que estimulem a doação. “As pessoas não têm informações, pensam que é complicado e por isso ficam com receio de doar”, comenta.
Sem data definida para o funcionamento do Hemosc, Blumenau continua sem um posto de coleta.

Indefinição
A diretora estadual do Hemosc, Denise Linhares, garante que a unidade de Blumenau será inaugurado ainda este ano, mas não define data para o funcionamento. Na quinta-feira (13), ela esteve reunida com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Regional, Centro Hemoterápico de Blumenau e Fundação de apóio ao Hemosc/Cepon (Fahece) para discutir o funcionamento do centro.
Na oportunidade, foi abordada a contratação de funcionários, já que os aparelhos, equipamentos e móveis já foram licitados. “O que está definido é que serão cerca de 43 funcionários e que a contratação será feita por processo de seleção”, adianta Denise, se negando a definir uma data para a inauguração do centro. “Ainda não fechamos a data, mas deve ocorrer, seguramente, no segundo semestre”, prometeu.
Denise ressalta, no entanto, que as propostas ainda não foram “amarradas” e que outra reunião será marcada para “amadurecer as questões”. “Daqui a duas semanas será realizada nova reunião e possivelmente, teremos as últimas definições”, prevê.

Santa Catarina tem 30 mil doadores cadastrados
Atualmente o Brasil conta com 600 mil doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Aproximadamente 30 mil são de Santa Catarina.
De acordo com o Inca, a chance média de se encontrar um doador compatível não-aparentado é de 1 em 100 mil. E apenas 35% dos pacientes encontram doadores na própria família. Mas o País pode recorrer ao banco americano de doadores de medula óssea, que conta com 9 milhões cadastrados e 3 milhões de pessoas de programas de doação de outros países.
A estimativa do Inca é chegar a 1 milhão de doadores cadastrados até 2011.

Como funciona a doação de medula óssea

É preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e boa saúde;
É necessário se cadastrar como doador voluntário em um Hemocentro;
No cadastramento, os voluntários doam apenas 10 ml de sangue;
A amostra passa por um exame de laboratório, chamado teste de HLA (antígeno de histocompatibilidade leucocitária), que determina as características genética do possível doador;
A Unidade de Florianópolis é a única preparada para fazer a análise de compatibilidade - o HLA- de todo o sangue coletado no Estado.

As informações são colocadas em um cadastro nacional, o Redome
Quando alguém precisa de transplante, os técnicos do Redome fazem a pesquisa de compatibilidade por entre os registros de todos os doadores cadastrados;
Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer outros exames de compatibilidade genética. Se o perfil coincidir com o do paciente que precisa do transplante, o voluntário decide se realmente quer doar;
Durante a doação, o doador recebe anestesia geral. Com uma agulha, a medula é aspirada do osso da bacia;
A quantidade de medula doada é de apenas 10% da medula total. Em 15 dias ela já estará recomposta.

Fonte: Folha de Blumenau  - 17-03-2008


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