22-04-2008 - Audiência Pública debate doenças ocupacionais em Blumenau

As doenças ocupacionais foram os temas de audiência pública na manhã desta sexta-feira (18), na Câmara de Blumenau. O evento foi o segundo promovido pelas comissões de Legislação Participativa e de Saúde da Assembléia Legislativa no Estado – o primeiro aconteceu em Jaraguá do Sul, no final do ano passado -, e o primeiro em parceria com Associação dos Portadores de LER/DORT de Blumenau e região. Coordenado pelo deputado Jailson Lima, a audiência reuniu cerca de 150 pessoas.
O deputado, que é médico do Trabalho e especialista em Saúde Pública e em Reumatologia, abriu a audiência chamando a atenção para o problema que, segundo ele, cresce a cada dia. “Há uma multidão de trabalhadores mutilados, literalmente, em idade produtiva, crescendo, silenciosamente a cada dia. É uma questão de humanidade e de economia. As empresas precisam ampliar a visão e assumir as responsabilidades, assim como os trabalhadores e o Governo”, disse.
A audiência debateu ainda as responsabilidades de empresas, governo e trabalhadores; o papel do Poder Judiciário e do Instituto Nacional de Previdência Social (INSS); os problemas para o diagnóstico e o comportamento da perícia.
Lima informou que um estudo do economista José Pastore, da Universidade de São Paulo, aponta custos anuais de R$ 20 bilhões aos cofres públicos (aposentadorias, indenizações e tratamento médico) e R$ 12,5 bilhões às empresas decorrentes das doenças ocupacionais. “É um custo humano que tira da vida produtiva e submete a condições de humilhação e discriminação milhares de trabalhadores na faixa etária de 30 a 40 anos”, alerta.

Grupo de risco
As categorias profissionais que encabeçam as estatísticas das doenças ocupacionais são bancários, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretárias, jornalistas, entre outros. As mulheres são as mais atingidas, pois, como regra geral, exercem as tarefas mais fragmentadas e repetitivas, além de mão-de-obra mais barata em todo o mundo.
“Quando detectadas, as lesões devem ser tratadas e o portador deve receber condições para retornar ao trabalho. Ele pode ser reaproveitado em outra função pela própria empresa, sendo útil inclusive ao treinamento de um novo trabalhador para a função que ocupava. Mas, é necessário que empresas, trabalhadores e governo trabalhem na prevenção destas doenças e de forma unificada”, ensina.

Fonte: Folha de Blumenau - 22-04-2008


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