A procura desnecessária pelo Pronto-Socorro do Hospital Santo Antônio será tema de ações de conscientização e combate. Uma campanha da instituição em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde pretende alertar a população sobre o uso adequado do serviço. Além disso, estuda-se a implantação de um serviço de primeiro atendimento, com um médico e um enfermeiro capazes de triar casos de urgência e emergência.
De acordo com a secretária de Saúde, Elizabete Ternes Pereira, até 80% dos atendimentos feitos diariamente pelo Pronto-Socorro do Santo Antônio não são caracterizados como urgência.
- O uso inadequado do pronto-socorro é uma realidade que ocorre em todos os países, inclusive nos desenvolvidos - observou.
O serviço de primeiro atendimento, também chamado de Protocolo Manchester, foi desenvolvido na Inglaterra e já é adotado em vários hospitais no Brasil. Segundo a secretária, o protocolo tem se mostrado uma das únicas alternativas eficazes para o controle do problema. A intenção é implantar, em uma semana, o modelo no Hospital Santo Antônio e mais tarde estendê-lo para outras unidades como os ambulatórios gerais da Velha e da Itoupava Central.
De acordo com a proposta, o paciente que procurar pelo pronto-socorro vai passar primeiro pelo serviço essencial, prestado por um médico e um enfermeiro. Quando o caso não for considerado urgente, ele vai ser reencaminhado à rede básica.
- A campanha é educativa e visa orientar a população que procura o pronto-socorro por qualquer coisa. Às vezes temos pessoas na fila aguardando atendimento que depois terão de procurar a policlínica - conclui o presidente do Conselho Curador do hospital, Luis Carlos Schmidt de Carvalho Filho.
Através de outdoors, anúncios em emissoras de rádio e busdoors, a campanha sobre o uso responsável do pronto-socorro começou no final de semana.
O pronto-socorro
Serve para atender pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso, como casos de:
- Afogamento
- Convulsão
- Desmaios
- Envenenamento
- Picos de pressão arterial elevados
- Queimaduras
- Estado de choque
- Hemorragia interna
- Lesão na coluna vertebral
- Parada respiratória ou cardíaca
- Febre súbita acima de 38,5 °C
- Choque elétrico
- Ferimento aberto, fratura exposta e perda de membro
- Traumatismo craniano com alteração da consciência
- Picada de aranha, cobra ou escorpião
- Infarto do miocárdio
- Aspiração de objetos que obstruam as vias respiratórias
- Dor de cabeça intensa somada à dificuldade visual, náusea e vômito
- Choque anafilático, confusão mental, palidez, suor excessivo, angústia respiratória, respiração acelerada, taquicardia
- Cólica renal
- Baixa súbita da temperatura corporal
Fonte: Secretária Municipal de Saúde, Elizabete Ternes Pereira - 09-07-2008
09-07-2008 - Mudança quer diminuir espera por atendimento
Sentada em uma das cadeiras da sala de espera do Pronto-Socorro do Hospital Santo Antônio, Júlia Vicence Lopes, 58 anos, aguardava na fila ontem à tarde por volta das 17h. Ela disse ter chegado à unidade antes das 10h. Depois de esperar sete horas, a paciente com enfizema pulmonar demonstrava interesse de deixar o hospital:
- Não consigo mais ficar em pé direito. Fui ao posto de saúde na Velha Grande, mas não tinha médico - comentou.
Ao lado dela, a publicitária Andréia Mendes, 35, aguardava atendimento para o filho Gecé Henrique Mendes, 13, com tosse e febre alta.
- Chegamos às 11h20min. É muita gente para ser atendida, deveriam colocar mais médicos - protestou.
De acordo com o gerente-geral do Hospital Santo Antônio, Siegfried Hildebrand, a campanha e o Protocolo Manchester pretendem dar agilidade e diminuir o tempo de espera pelos atendimentos.
- Se chegarmos a 30% de redução de casos indevidos, estou contente. A estrutura montada hoje é para atender urgências e emergências - defendeu.
Fonte: Jornal de SC - 09-07-2008