06-08-2008 - Blumenau: Mais de 1,3 mil se cadastram para teste de medula óssea

Mais de 1,3 mil pessoas atenderam ao apelo da família Splittter e compareceram ao ambulatório da Furb, nesta terça-feira (5), para doar sangue na busca de encontrar um doador compatível de medula óssea para a jogadora de basquete Michelle Splitter. Inicialmente, a expectativa era coletar 500 amostras de sangue.
A coleta foi realizada pelo Hemosc de Florianópolis, já que Blumenau não possui um centro de coleta. As amostras serão encaminhadas para o Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome), em Florianópolis. Os testes para análise de compatibilidade da jogadora devem ficar pronto entre 30 a 60 dias.
Segundo o pai da jogadora, Cássio Splitter, o Hemosc disponibilizou mil kits de coleta. “A princípio, o Hemosc iria disponibilizar apenas 500 kits. Lutamos para conseguir dois mil, mas isso foi impossível. Conseguimos mil e compramos mais 300, pois não queríamos mandar nenhum doador embora”, lembra.
A jogadora de 18 anos, uma das promessas do basquete brasileiro, é portadora de leucemia, doença que foi diagnosticada pela primeira vez em 2004, quando passou por três anos de tratamento, chegando a perder 17 quilos. O esforço do primeiro tratamento foi recompensado quando voltou a jogar em agosto de 2007 e recebeu a convocação para a seleção, onde disputou amistosos em Cuba. A recorrência da doença foi detectada em março, quando passou mal durante o treino. Michelle está internada no Centro Boldrini, em Campinas, onde se tratou pela primeira vez.
O transplante é a substituição da medula doente por outra sadia. A medula óssea é a “fábrica” do sangue, produz hemácias, leucócitos e plaquetas. Fica no interior dos ossos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a chance média de se encontrar um doador compatível não-aparentado é de 1 em 100 mil. E apenas 35% dos pacientes encontram doadores na própria família.

Análise
A amostra passa por um exame de laboratório que determina as características genéticas do possível doador. A unidade de Florianópolis é a única preparada para fazer a análise de compatibilidade de todo o sangue coletado no Estado.
As informações são colocadas em um cadastro nacional, o Redome. O Brasil conta com 600 mil doadores cadastrados e 30 mil são de Santa Catarina. O País pode recorrer ao banco americano de doadores de medula óssea, que conta com 9 milhões cadastrados e 3 milhões de pessoas de programas de doação de outros países.
Quando alguém precisa de transplante, técnicos do Redome fazem a pesquisa de compatibilidade por entre os registros de todos os doadores cadastrados; Se for encontrado um doador compatível, é convidado a fazer outros exames e se o perfil coincidir o voluntário decide se quer doar. Com uma agulha, a medula é aspirada do osso da bacia; A quantidade de medula doada é de apenas 10% da medula total. Em 15 dias ela já estará recomposta.

Blumenau não tem posto de coleta
Blumenau fica para trás na luta contra a leucemia. A cidade, terceira maior do Estado, aguarda há mais de dois anos a conclusão da unidade do Hemosc, que ficará responsável pela coleta e cadastramento de doadores na cidade. Atualmente, quem quer ser doador precisa recorrer a unidades do Hemosc de Joinville ou Florianópolis e a dificuldade tem feito muitos desistirem.
Sem data definida para o funcionamento do Hemosc, Blumenau continua sem um posto de coleta. A diretora estadual do Hemosc, Denise Linhares, garante que a unidade de Blumenau será inaugurada ainda este ano, mas não define data. “O que está definido é que serão cerca de 43 funcionários e que a contratação será feita por processo de seleção”, adianta. “Ainda não fechamos a data, mas deve ocorrer, seguramente, no segundo semestre”, promete.

Fonte: Folha de Blumenau - 06-08-2008


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