O Hospital Santo Antônio faz 2 mil radiografias e mamografias por mês. No entanto, 40% dos exames acabam abandonados pelos pacientes, que nem sequer tomam conhecimento dos resultados.
Além de ocupar o lugar de outra pessoa na fila por um diagnóstico, não retirar o exame causa prejuízo para a rede pública, ressalta a secretária de Saúde, Elizabete Ternes. No hospital, o gasto alcança uma média de R$ 23 mil por mês nestas duas especialidades.
Na Policlínica Lindolf Bell, no Programa DST/AIDS e nos laboratórios de análises clínicas credenciados à rede pública as porcentagens de exames encomendados e não-retirados por pacientes variam entre 1% e 2%. Elizabete salientou que qualquer valor, seja R$ 10 de um exame de urina ou R$ 270 de uma ressonância magnética esquecidos, pode faltar em outros setores. Este ano, até agora, uma média de R$ 200 mil em exames foram esquecidos nas gavetas, armários e arquivos das instituições de saúde.
São pessoas que fizeram ultra-sonografias, exames anti-HIV e sífilis, radiografias e mamografias e por algum motivo não compareceram aos locais para retirar. A secretária de Saúde credita este "esquecimento" a dois fatores. Um deles, o medo de ver o resultado.
- Tem gente que prefere não buscar o exame e esquecer que pode ter algum problema. Fazem por imposição do médico, mas depois não retornam sequer à consulta - avalia a secretária.
Diagnóstico antecipado agiliza tratamento, alerta secretária
Ela lembra que um diagnóstico feito com antecedência, seja qual for a especialidade, pode aumentar as chances de recuperação. O outro fator se relaciona com o descompromisso do usuário com o dinheiro público. Ela ressalta que os exames feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são gratuitos ao usuário porque já foram pagos através dos impostos.
Os exames levam, no máximo, uma semana para ficar prontos e, quando são urgentes, podem sair em 20 minutos. Uma mamografia custa R$ 45.
- Trabalhamos quatro meses por ano para conseguir pagar todos os nossos tributos, não é possível que uma pessoa consiga jogar isso fora, sem ao menos pensar um pouco - completa a secretária.
Abandono
Dos 2 mil exames de radiografia e mamografia feitos no Hospital Santo Antônio, cerca de 40% não são retirados por mês.
Isto representa, em média, R$ 23 mil reais por mês desperdiçados. No Programa DST/AIDS, foram feitos 8,9 mil exames anti-Aids e de sífilis este ano.
Destes, 170 não foram retirados, o que representa 1,91% dos usuários e R$ 1,7 mil em desperdício.
24-09-2008 - Psicóloga acredita em medo do resultado
Para a psicóloga e professora Catarina Gewerh, os pacientes deixam de pegar o resultado de exames por medo. Ela acredita que a falta de informação sobre a necessidade do diagnóstico faz as pessoas desistirem de buscar o exame, principalmente em casos mais complexos como o anti-Aids ou o eletroencefalograma.
- A pessoa precisa saber que tem alguém se preocupando com ela, desde a hora em que faz o exame até quando vai buscá-lo, especialmente em casos graves - disse Catarina.
A coordenadora do Programa DST/Aids, Luzia Müller, disse que os 2% que não vão buscar os resultados não o fazem por estar viajando, terem se mudado ou já saber que têm o vírus. O medo do resultado não figura entre as causas, segundo ela.
Fonte: Jornal de SC - 24-09-2008