26-09-2008 - Blumenau: Previna-se contra a leishmaniose

Quando Sandra Regina Ribeiro percebeu uma pequena mancha vermelha na pele, achou que não era nada demais, apenas uma picada de mosquito. Dias depois, começou a sentir coceira e a mancha virou uma feridinha. A surpresa veio quando o machucado não sarou: foram dois meses de tratamento, sem solução. Sandra tinha desenvolvido a leishmaniose, doença que afeta a pele e é transmitida através da picada do mosquito-palha.
Assim como ela, outras 19 pessoas do Bairro Progresso foram encaminhadas para diagnóstico e estão em tratamento contra o problema na Policlínica Lindolf Bell. Outros 18 casos foram confirmados naquela região pela Vigilância Epidemiológica até o final de agosto. Em outras regiões da cidade, ocorreram mais 16 casos.
Tanto para Sandra como para Jaime Klock, que também tem a doença, e Thaís de Souza Benigno, que está preocupada com a saúde das crianças, o problema é como combater o mosquito-palha, transmissor da leishmaniose, que não pode ser eliminado com veneno ou dedetização, para não matar outros insetos, necessários ao equilíbrio ambiental.
As formas de controle apontadas pela enfermeira da unidade Estratégia da Saúde da Família Tânia Leite, Marilúcia Aparecida Ghisi, são individuais. É necessário que cada pessoa cuide da casa e do quintal, mantendo-os limpos, pois o mosquito gosta de sujeira e umidade.
No Progresso, foi feita uma palestra de como prevenir a criação de focos do mosquito (ver tabela) e o posto de saúde e as creches fizeram uma parceria para disponibilizar repelente para as crianças.
No entanto, a gerente da Vigilância Epidemiológica, Raquel Martelli, garante que não há motivos para se preocupar com um surto da doença. O surgimento de focos do mosquito-palha ocorre em Blumenau porque a cidade é rodeada de matas e tem clima quente e úmido.
- Esta reportagem é uma sugestão das leitoras Adriana Duarte Silveira Moresco e Thaís de Souza Benigno. Participe também pelo telefone 3221-1555 ou pelo e-mail leitor@santa.com.br

 A doença 
- É infecciosa, afeta a pele e é transmitida pelo mosquito-palha 
- Não é transmitida de pessoa para pessoa, somente através do mosquito que tenha o agente da doença (leishmania) 
- Depois da picada, demora de dois a três meses para aparecer a mancha vermelha, que aumenta de tamanho com o passar dos dias 
- No local, aparece uma ferida arredondada, simétrica, que não dói, mas pode dar coceira 
- A diferença de uma picada de pernilongo ou borrachudo, por exemplo, é que a mancha vermelha destas desaparece entre dois e três dias, enquanto a do mosquito-palha só sara com o tratamento oferecido pela rede pública de saúde 
- O diagnóstico é feito através do Teste Monte Negro. A doença tem cura e o tratamento demora 20 dias, mas pode haver prorrogação, dependendo da pessoa e da aceitação dos remédios 
- Não há risco de morte, mas, se o tratamento não for feito, a lesão pode aumentar a cada dia 
Como se prevenir 
- Manter sempre a casa e o quintal limpos. O mosquito-palha gosta de sujeira e umidade 
- Evitar o desmatamento, pois estará invadindo o habitat do mosquito. Construir casas a pelo menos 200 metros da mata 
- Usar telas de proteção nas portas e janelas e mosquiteiros nas camas para dormir 
- Cuidar dos animais domésticos, pois eles podem ser hospedeiros do agente da doença. Sempre observar se eles tem feridas 
- Usar sempre repelente. De preferência, procurar um médico para saber qual o produto mais indicado, principalmente em crianças 
- Não ficar com partes do corpo expostos no início da manhã e final da tarde, horário em que os mosquitos atacam mais 
Fonte: Raquel Martelli, gerente da Vigilância Epidemiológica, Marilúcia Aparecida Ghisi, enfermeira do posto Estratégia da Saúde da Família Tânia Leite e Ministério da Saúde 

Fonte: Jornal de SC - 26-09-2008


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