Médicos dos hospitais da região reivindicam o pagamento dos plantões de sobreaviso. O sistema permite que o profissional fique fora do local de trabalho, mas ele deve atender a qualquer chamado de emergência. O cirurgião-geral Adriano Bobrzyk, do Hospital São José, de Jaraguá do Sul, diz que a situação "é praticamente um trabalho escravo." Ele reclama que o médico tem de ficar preso na cidade sem ganhar nada pelo serviço.
A secretária de Saúde de Corupá, Alice Eyng Maçaneiro, está preocupada com a situação. Para ela, o não-pagamento reflete na motivação dos médicos e, em conseqüência, na qualidade do atendimento. "Muitas vezes, os especialistas apenas orientam pelo telefone o médico que está no hospital", afirma.
A Associação Médica de Jaraguá do Sul também considera o problema sério. O vice-presidente da entidade, Luiz carlos Bianchi, diz que "não tem como imaginar a saúde de Jaraguá sem a existência dos plantões de sobreaviso". A associação cobra o pagamento desde que o Conselho Federal de Medicina lançou, em 2003, um parecer exigindo a remuneração por esse tipo de serviço.
Prefeitos, secretários de Saúde e diretores de hospitais do Vale do Itapocu reuniram-se na semana passada para discutir o assunto. O caso está longe de ter uma solução, porque a Lei de Responsabilidade Fiscal impede a inclusão de gastos no orçamento este ano.
A única cidade da região que paga os médicos é Guaramirim. Segundo o chefe da pediatria do hospital, Airton Slavieiro, os profissionais recebem cerca de R$ 150 por chamada. Eles fazem uma média de sete plantões de sobreaviso por mês.
O presidente da regional do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC) de Jaraguá do Sul, Dr. Maxwell Jorge de Oliveira, em conversa com os médicos do hospital, disse que eles estão muito divididos. Algumas especialidades querem o sobreaviso e outras não. "Assim não se chegará a um consenso. O Departamento de Clínica Médica não quer o sobreaviso e eles são parte forte no hospital", disse. O presidente informou ainda, que haverá uma reunião na próxima semana.
Saiba +
A regra é clara
O Conselho Federal de Medicina publicou em 1993 um parecer que considera "descabida a existência de plantões gratuitos". Outro parecer, de 2003, diz que "o sobreaviso deve ser remunerado".
Fonte: AN Jaraguá, com informações também da Regional do SIMESC de Jaraguá do Sul - 26-06-2008