O juiz da 2ª Vara Criminal de Joinville, João Marcos Buch, interrompeu as férias e voltou ao trabalho ontem por causa do caso de corrupção na Saúde. Foi ele que m determinou a prisão de oito pessoas suspeitas de envolvimento. A decisão foi tomada em 18 de dezembro de 2007. Os acontecimentos envolvendo suposta corrupção nas secretarias da Saúde do Estado e de Joinville chamaram a atenção do juiz por darem indícios de uma organização por trás de desvio de dinheiro público, envolvendo nomes como o do secretário municipal de Joinville, Norival Silva.
Para Buch, as gravações telefônicas revelam fortes indícios de crime contra a administração pública, e a prisão temporária dos envolvidos deverá contribuir para a elucidação dos fatos. O magistrado aguarda a denúncia a ser feita pelo Ministério Público para dar seqüência ao caso que, segundo ele, deverá ter sentença expedida em até cinco meses.
Diário Catarinense - O que levou o senhor a acatar a solicitação do MP e pedir a prisão temporária dos oito envolvidos?
João Marcos Buch - O alto poder organizacional das partes. De acordo com o MP são fatos reincidentes, diários. Esse é um tipo de procedimento normal - o que não é comum é envolver autoridades. A prisão temporária, com prazo até amanhã, serve para investigar, ver se há necessidade de converter em uma prisão preventiva.
DC - Por que o MP não entrou direto com uma denúncia?
Buch - É um pedido porque o MP tem indícios desses crimes contra a administração pública e formação de quadrilha. Há a necessidade de desmantelar e coletar informações num primeiro ponto, quando tudo está mais fresco. Isso tudo pode levar ou não a uma denúncia. No momento foram pedidas as prisões de oito pessoas, mas em todo o processo existem outros envolvidos. Talvez, até o final do mês, apareça numa denúncia mais de oito pessoas. Ou, de repente, cinco, seis envolvidos.
DC - As interceptações telefônicas apresentam fatos relevantes no processo?
Buch - Absolutamente. Inclusive o promotor responsável anexou alguns trechos na solicitação, e eu fiz anotações quando estudava o processo porque se tratavam de fatos contundentes.
DC - O senhor sofreu algum tipo de pressão por tratar-se de um caso com pessoas públicas?
Buch - Não, de forma alguma. Todos os crimes de prejuízos contra administração pública passam aqui pela 2ª Vara Criminal. Eu tenho mais de 70 processos desse tipo, e estes ganham prioridade. Não sofri pressão nenhuma e, com sinceridade, talvez porque já saibam com quem estão lidando.
DC - Nestes mais de 70 processos, muitos envolvem a atual gestão municipal?
Buch - Crimes contra administração pública não se referem só a crimes da prefeitura. São fatos que envolvem vereadores, justiça, polícia. Não especificamente na prefeitura, onde não há muitos casos.
DC - Na sua decisão, o senhor cita que o fato do processo ser contra a saúde pública o torna mais grave. Isso colaborou para o pedido de prisão temporária?
Buch - Não que a saúde seja prioridade, porque na administração pública nenhum crime pode acontecer. Mas é uma circunstância que agrava, considerando que ela está sucateada e ainda há essas suspeitas de desvio de dinheiro.
João Marcos Buch assegurou que gravações revelam indícios de crimes
As conversas telefônicas
Fonte: Diário Catarinense - 17-01-2008