Um pequeno corte de quatro centímetros sobre o mamilo é o caminho de uma técnica desenvolvida em Joinville que promete menos sangramento e cicatrizes para quem passa por uma cirurgia cardíaca. O método começou a ser ensinado ontem a uma turma de cinco cirurgiões cardiologistas de todo o País.
Os profissionais assistiram a uma cirurgia de duas horas, em que uma válvula cardíaca de uma paciente foi trocada por uma prótese, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. A técnica é uma alternativa à cirurgia tradicional, que exige um corte de 30 centímetros na vertical pelo peito, além da quebra do osso que une as costelas (o esterno).
O cardiologista Robinson Poffo, que fez a cirurgia, acredita que esse possa ser o início de uma atuação mais constante do centro de ensino e tratamento que vem divulgando a técnica. O centro pretende oferecer uma vez por mês o curso teórico e de observação para cirurgiões e outros profissionais.
A procura tem sido grande: entre os observadores da cirurgia de ontem havia médicos de três grandes hospitais brasileiros – os paulistas Albert Einstein e da Escola Paulista de Medicina, além do hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em maio começa a segunda fase do curso, quando os cirurgiões simulam a técnica. "O que queremos é mostrar que o centro funciona. Ainda não temos vínculos com universidades, mas ele pode ter peso acadêmico no futuro. Nosso sonho é ter uma sala em hospital reservada apenas para disseminar o método", afirma Poffo, que desenvolveu a técnica. A cirurgia já foi realizada em 51 pacientes. Serve para todos os tipos de doenças cardíacas.
A técnica utiliza princípios e equipamentos comuns em cirurgias plásticas. O corte pelo mamilo, por exemplo, é a base da colocação de implantes de silicones nas mamas. Ao migrar para a cirurgia cardíaca, ajuda também a diminuir o tempo de repouso do paciente. Por conta do equipamento importado, de última geração, a disseminação do método na rede pública ainda esbarra no alto custo. É quase o dobro da cirurgia tradicional.
"Não queremos privilegiar nenhum tipo de paciente. Temos parceria com o Hospital Regional e, no futuro, com o Dona Helena. A técnica ainda está no início e ainda não há como estabelecer preço", explica Poffo.
Fonte: Jornal A Notícia - 01-04-2008