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13-06-2008 - PS fechado no São José de Joinville

Com corredores lotados e sem leitos, hospital municipal decidiu restringir atendimento"Estamos com superlotação, atendendo somente pacientes graves encaminhados por socorro pré-hospitalar em risco iminente de morte. Contamos com a colaboração de todos." "Pronto-socorro lotado: estamos atendendo somente urgências e emergências." As duas frases estão em cartazes fixados na recepção do pronto-socorro do Hospital Municipal São José. É a realidade do principal hospital de Joinville, desdobrando-se para atender aos pacientes em macas, em leitos encostados nas paredes e "estacionados" nos corredores. A superlotação é regra e não exceção.
Quem vê os corredores lotados, com pacientes agonizando, pode ter a real dimensão da situação da saúde pública em Joinville. Ontem, no início da noite, a reportagem de "A Notícia" esteve no local. Num espaço com capacidade para 20 leitos, quase o dobro se amontoava. Uma enfermeira disse que "enquanto há cadeiras e espaço para cama ou maca, os pacientes vão se acomodando".
Mesmo na situação desconfortável, quem está no hospital não perde o bom humor. Nos corredores congestionados, uma mulher ironizava a situação. "Isso parece uma favela", disse, em referência a um quarto minúsculo com cama, uma cômoda e um sofá.
O pronto-socorro do São José tem capacidade para 39 leitos, mas sempre há o dobro de pacientes. No início desta semana, a situação chegou ao ápice. Macas de ambulâncias dos bombeiros voluntários precisaram ser utilizadas. Foi o chamado "dia atípico". Havia mais de 90 leitos espalhados pelo lugar. E o PS foi fechado.
O diretor Ary Santangelo acredita que o hospital necessita de 70 novos leitos. Outro fator é o atendimento de pacientes de fora. "Não somos um hospital regional, mas somos referência em vários segmentos. Vem gente até de Caçador. Isso congestiona nosso trabalho, mas não negamos paciente", diz Santangelo.
Para amenizar o problema, a direção planeja mudanças. O quarto andar está em obras e receberá 36 leitos. Uma área será adaptada para a chamada "clínica da dor", com nove leitos para pacientes com dores crônicas. Também há promessa de abertura de parte do Complexo Ulysses Guimarães para 10 de julho.


Direção culpa o Regional
A direção do Hospital São José encontrou pelo menos um culpado para a superlotação dos últimos dias. A responsabilidade estaria na decisão da direção do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt de somente atender a casos de emergência e urgência. "A lotação no PS sempre existiu. Só que agora também há o reflexo da decisão no Regional", diz o diretor Ary Santangelo.
Uma reunião, ontem pela manhã, com bombeiros, PM e Samu, discutiu a retenção de macas das ambulâncias. Os socorristas também teriam reclamado do fato de as vítimas de acidentes serem atendidas somente no São José, versão negada pelo comandante dos bombeiros voluntários, Heitor Ribeiro Filho. "O Regional nunca se negou a atender", disse. "AN" procurou a diretora do Regional, Ana Maria Jansen, mas ela não atendeu às ligações.

Fonte: AN - 13-06-2008


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