25-09-2008 - A crise aumenta no Hospital de Caridade

A notícia se repete há quase dez anos, mas ameaça a saúde pública de São Francisco do Sul. A administração do Hospital de Caridade de São Francisco do Sul afirma que a cidade pode ficar sem seu único hospital caso não haja como tapar um rombo mensal de R$ 70 mil. É a diferença média entre os R$ 250 mil gastos com remédios, pessoal e alimentação, e a arrecadação do hospital, que fica entre R$ 180 mil e R$ 190 mil.
O saldo negativo deve aumentar em dezembro se a nova prefeitura retirar a ajuda mensal de R$ 102,5 mil, que ocorre há quatro anos. O dinheiro paga a folha de funcionários, metade das despesas do hospital.
Mantido pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco , o hospital teve, ainda, ajuda negada pelo governo estadual. Por meio da sua assessoria, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que "em função do grande investimento na nova unidade de saúde, os repasses para o Hospital de Caridade de São Francisco do Sul não foram autorizados". A secretaria autorizou o repasse de R$ 4 milhões para o Hospital de São Francisco do Sul, ainda em construção.
A dívida com fornecedores bate nos R$ 300 mil. O maior problema é o débito trabalhista, que ultrapassa R$ 1,8 milhão. Cerca de 90% dos serviços são sustentados pelo Serviço Único de Saúde (SUS). O hospital tem 15 médicos no corpo clínico - apenas metade atende no hospital.
O Caridade oferece serviços de internação clínica, obstetrícia e cirurgias. Nos últimos sete meses, priorizou atendimentos urgentes. Ainda assim, a abrangência é pequena: 70% dos pacientes são atendidos em unidades básicas de saúde no Centro e em Enseada.
A crise financeira do hospital começou anos atrás, quando os convênios particulares - entre eles Unimed e Bradesco - deixaram de atender na instituição. Hoje não há convênios particulares no Caridade. Conveniados que moram em São Francisco preferem fazer a viagem até Joinville para as consultas médicas, afirma o provedor do hospital, Heraldo Couto, à frente do hospital até dezembro.
"Continuamos por teimosia. Ouvimos e vimos às vezes histórias de pacientes encaminhados a Joinville que ficam esperando em corredores. Seria um problema ainda maior se fechássemos", diz.

Instituição pode virar um asilo
Um convênio de R$ 4,2 milhões entre a Prefeitura de São Francisco do Sul e o governo estadual marcou o início, em maio, da reserva de dinheiro para a construção de um hospital público de média complexidade na cidade.
A unidade terá pronto-atendimento e emergência, unidades cirúrgica, obstétrica e de diagnóstico e terapia. Enquanto isso, o Caridade repensa a nova função que deve assumir. As chances de permanecer aberto são pequenas. Uma das possibilidades é abrigar uma casa de repouso para idosos. Outra é que a ala de obstetrícia fique a serviço da comunidade.

Funcionamento 
MÊS/INTERNAÇÕES/CIRURGIAS 
Março/180/16 
Abril/207/27 
Maio/207/27 
Junho/207/18 
Julho/234/49 
Agosto/238/38 
MÉDICOS - Que atendem no hospital 
2 obstetras 
3 cirurgiões 
2 pediatras 
1 clínico geral 
TOTAL 80 funcionários 

Fonte: AN - 25-09-2008


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