A falta de médicos fez a maternidade do Hospital de Caridade, em São Francisco do Sul, fechar as portas por tempo indeterminado desde sábado. Segundo o provedor do hospital, Heraldo de Oliveira Couto, foram feitas conversas com os quatro obstetras, que trabalham em regime de plantão, na semana passada, mas não houve acordos. Os médicos reclamam do valor da hora-plantão (R$ 5) e falam em se desligar do hospital, diz Couto.
“Dois médicos obstetras já vinham reclamando das condições e não houve acordo. Sobravam mais dois médicos, só que um deles sofreu um infarto e está de licença. O único médico que tínhamos à disposição não aceitou trabalhar sozinho e o jeito foi fechar a obstetrícia.” Couto diz que não vê soluções imediatas para o problema, porque ninguém aceitou a contraproposta de R$ 12 a hora-plantão. “Entramos em contatos com médicos de Joinville e da região, mas até agora ninguém se manifestou.”
O hospital passa por uma crise que vem se agravando nos últimos meses. Há mais de dez anos, é cogitada a possibilidade de a instituição fechar. O prejuízo mensal chegou a R$ 70 mil em setembro. Os salários só não deixaram de ser pagos porque a Secretaria Municipal de Saúde entrou com uma ajuda de R$ 102,5 mil mensais. O fechamento da maternidade e a atitude dos médicos é um reflexo direto da situação, afirma Couto.
Para que as gestantes não ficassem sem atendimento na cidade, a Secretaria de Saúde tomou providências emergenciais no sábado e domingo, que podem se estender nesta semana. “Avisamos os prontos-atendimentos no Centro e na Enseada para receberem essas mulheres e fazerem os primeiros atendimentos. Também já acertamos com a Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, que essas pacientes serão levadas para lá”, explica a secretária Angelita de Cássia Mudrek.
No sábado, um parto foi feito em sistema emergencial, por volta das 11 horas. Uma mulher foi levada ao PA central da cidade e teve o bebê lá mesmo, com ajuda de profissionais da saúde. Em seguida, foi transferida para a Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, onde deve permanecer por 48 horas. “Tudo transcorreu normalmente. A criança nasceu saudável, de parto normal, e a mãe passa bem”, ressaltou Angelita. A secretária deve se reunir com a direção do hospital hoje para discutir saídas para o problema.
Fonte: AN - 20-10-2008