O cateterismo é um exame essencial em diversas doenças do coração, especialmente na obstrução das artérias coronárias – que levam sangue ao músculo do coração. Um dos principais avanços da cardiologia, o exame foi introduzido na década de 50, nos Estados Unidos. Além de diagnosticar obstruções, em grande parte dos casos permite a desobstrução dos vasos. Uma alternativa menos agressiva às cirurgias de ponte de safena.
Avanços no diagnóstico e no tratamento de obstruções coronárias utilizando o cateterismo cardíaco serão debatidos em Joinville, durante o Simpósio de Intervenção Cardiovascular promovido pelo Hospital Dona Helena, a partir desta sexta-feira. O cateterismo cardíaco é realizado avançando sondas (os chamados cateteres) em direção ao coração através de uma artéria, geralmente do cotovelo ou da virilha. No cotovelo, as artérias são acessadas por uma cirurgia vascular. Na virilha, a técnica é menos agressiva: o acesso é feito por um pequeno orifício, sem cirurgia.
Um dos principais avanços está na possibilidade de se realizar o cateterismo através do punho, pois a evolução tecnológica dos materiais possibilitou o desenvolvimento de sondas mais delicadas e finas. O exame pelo punho torna o procedimento menos agressivo e proporciona mais conforto, ao permitir que o paciente caminhe logo após o exame, vá ao banheiro ou se alimente sozinho, ao contrário do exame realizado na virilha, em que é necessário ficar restrito ao leito por pelo menos cinco horas.
Mas é na segurança que residem as principais vantagens. Como são artérias mais superficiais e os orifícios para a realização do exame são mais finos, o controle de um possível sangramento é facilitado, o que é ainda mais importante no tratamento das obstruções coronárias agudas, como um infarto, quando são utilizadas potentes medicações para “afinar” o sangue.
Essas medicações facilitam a desobstrução, mas aumentam a chance de sangramento excessivo no local escolhido para o exame, favorecendo o surgimento de complicações. Em alguns casos, o tratamento pelo punho permite a alta no dia do procedimento, enquanto que com as técnicas mais antigas a internação é de no mínimo dois dias.
* Cardiologista e coordenador científico do Simpósio de Cardiologia Intervencionista
Fonte: AN - 21-11-2008